A impressão de que os matrimônios terminam cada vez mais rápido agora tem comprovação em números. Em Goiás, os casamentos duram 12,4 anos, ficando abaixo da média nacional, de 13,8 anos. A estimativa faz com que os goianos ocupem a sexta posição em um ranking nacional de uniões menos duradouras, de acordo com o Colégio Notarial do Brasil (CNB).
O estado com mais casais separados após pouca convivência é Tocantins. Os cônjuges de Mato Grosso, Espírito Santo, Amazonas e São Paulo aparecem na sequência. Por outro lado, as pessoas do Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Acre são as que mais têm vida conjugal.
Segundo a psicoterapeuta Vanessa Vilela, vários fatores levam um casamento a durar pouco. O primeiro deles é levar a vida e o relacionamento “no automático” e não se atentar ao diálogo. Ela credita às redes sociais parte da responsabilidade, considerando que o conteúdo postado pode expôr somente o ângulo positivo dos casamentos. A enxurrada de beijos, abraços e declarações ajudaria a trazer vulnerabilidades pessoais e conjugais.
“Muita gente começa a comparar, mas momentos difíceis não costumam ser exibidos na internet. É necessário melhorar a comunicação, a empatia, ouvir mais, aprender a colocar objetivamente as necessidades, estabelecer limites, esclarecer as expectativas sobre o outro e sobre o relacionamento ajudam a resolver isso”, pontua.
Ela afirma que discutir esses aspectos desses pontos antes de as pessoas se casarem faz com que o matrimônio seja sólido desde o início. Vanessa explica que partilhar a vida é uma oportunidade para engrandecimento pessoal. De acordo com a especialista, o mundo mais individualista, a ilusão de que alguém sozinho consegue tudo e a própria Internet contribuem para que as relações sejam mais descartáveis.
“Nas relações íntimas, de casal, o outro se torna um espelho de mim de forma que posso olhar para as minhas dificuldades e ajudar o outro nas dificuldades dele. Às vezes trocamos de parceiro, de casamento e sempre errando no mesmo ponto, seja por medo ou falta de consciência, repetindo padrões. Precisamos aprender a viver em vez de postar e olhar para o ‘de fora’ “, destaca.
Platô de divórcios
Mais de 12.600 casais goianos enfrentaram divórcios nos últimos dois anos e meio. Desde a pandemia, muitos casamentos chegaram ao fim. O isolamento social pressionou os relacionamentos e pode ter sido o gatilho para muitos casais se decidirem por abandonar a vida a dois. Em 2020, o primeiro ano da disseminação do coronavírus em todo o mundo teve registro de 5.237, um aumento de 13,2% em relação ao ano anterior.
A tendência de alta em Goiás seguiu no ano passado com 4.742 e este ano já foram 2.686 divórcios até agosto, o equivalente a 56,6% do total de 2021. As estatísticas são do CNB. O número de casamentos se manteve relativamente estável, tendo leve baixa nos dois primeiros anos de pandemia, em 2020 e em 2021, no Brasil e em Goiás.
As medidas sanitárias que impedem a aglomeração de pessoas nas cerimônias surge como uma das explicações. No ritmo atual registrado até agosto deste pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), os matrimônios devem chegar à marca dos anos anteriores.