Nesta sexta-feira, 14, a Polícia Federal (PF) realizou as primeiras prisões com relação ao Orçamento Secreto. Tratam-se de Roberto e Renato Rodrigues de Lima, irmãos suspeitos de atuar em uma ampla rede criminosa envolvendo o Sistema Único de Saúde (SUS) em municípios do Maranhão.
Suspeitas no Orçamento Secreto
O Orçamento Secreto é uma prática legislativa que teve início em 2020, durante o governo Bolsonaro. A função da emenda é destinar verbas públicas para os setores de saúde e educação sem identificação dos deputados.
As prisões desta semana aconteceram na Operação Quebra-Ossos, com mandados de busca e apreensão em Caxias, Igarapé Grande, Lago dos Rodrigues, Lago do Junco e Timon, no Maranhão. Além disso, Teresina e Parnaíba, no Piauí, também possuem investigações em andamento.
Roberto e Renato Rodrigues de Lima são os suspeitos de inserir dados falsos no SUS para desviar dinheiro público. Segundo a apuração da Controladoria Geral da União (CGU), um deles não tinha vínculo formal com Igarapé Grande, que recebeu R$ 3,9 milhões do orçamento secreto, mas tinha o aval da Secretaria de Saúde para fazer lançamentos de dados de procedimentos em seus sistemas.
Segundo a PF, a cidade de Igarapé Grande informou, em 2020, a realização de mais de 12,7 mil radiografias de dedo. No entanto, a população total não ultrapassa os 11,5 mil habitantes. A secretária de saúde do local, Raquel Inácia Evangelista, foi afastada do cargo e é alvo de busca e apreensão junto com o antecessor no cargo, Domingos Vinícius de Araújo Santos. As informações são da revista Piauí.
Com R$ 591 per capita de valores de emendas parlamentates no ano passado, Igarapé Grande superou por muito a média nacional de R$ 15. Em 2018, os atendimentos de média e alta complexidade na cidade somavam 123 mil. No ano seguinte, quando o orçamento secreto começou, subiram para 761 mil. Só as consultas com especialistas chegaram a 385 mil, uma média anual de 34 por habitante.