O juiz acionado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por demorar a publicar sentença de uma das 500 vítimas de João Teixeira de Faria, o João de Deus, afirma que a análise está dentro do prazo. Segundo Marcos Boechat Filho, três processos, incluindo o da ativista Andrea Mannelli, devem ser concluídos nos próximos dias.
A sentença do caso de Manelli deveria ter sido divulgada em agosto, de acordo com ela. A advogada da vítima protocolou uma petição na última quinta-feira, 17, reclamando da demora. O magistrado alega que se trata de um caso complexo envolvendo 17 vítimas e 4 mil páginas, além de mais de cem testemunhas.
“O processo da ativista está concluso há cerca de 70 dias e que o prazo que o CNJ e a Corregedoria cobram dos juízes é de cem dias. Última audiência do caso João de Deus será no dia 7 de dezembro, ou seja, todos os processos ainda pendentes já estão na fase final e serão julgados até o início do ano que vem. O TJGO ratifica as informações do magistrado”, informou o TJGO por meio de nota solicitada pelo G1 Goiás.
Pelas redes sociais, Mannelli se manifestou defendendo a prisão de João de Deus como justiça por ela e por todas as vítimas. Ela frisou que se trata de inconformismo” contra a “inércia absurda” no julgamento “de um dos casos mais emblemáticos de violência contra a mulher no Brasil”.
A ativista disse à Folha de S. Paulo que participou de uma audiência judicial em junho do ano passado e o juiz teria informado serem necessários 50 dias para as considerações finais e referendos de cada caso antes da sentença. O prazo, no entanto, foi extrapolado. Ela reclama que a lentidão afeta o direito das vítimas e que o quer na cadeia até morrer.
“Ele já ganhou um ano entre idas e vindas. Minha preocupação é ele ficar ganhando mais tempo, ou deixarem o processo em cima da mesa, ninguém fazer absolutamente nada e cair no esquecimento”, destaca a coprodutora da série da Netflix, “João de Deus: Cura e Crime”.
Esposa e defensora
Andrea repostou em maio deste ano a captura de tela de uma reportagem sobre o casamento de João de Deus com a advogada que o representa. A autora da publicação, a jornalista Cris Fibe, escreveu que a esposa do médium trabalha no TJGO como mediadora, conforme informações do site Escavador.
“Não é o retrato da saúde frágil que a defesa o pintou nas inúmeras vezes em que ele deixou a cadeia para ir ao hospital. E sim um homem de 80 anos reconstruindo a vida, em sua mansão em Anápolis”, postou Fibe.
Relembre
Ele está em prisão domiciliar desde 2020 em Anápolis. Ele responde criminalmente por estupros desde 2018, quando a primeira denúncia veio a tona. Ele foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO)mais de 15 vezes e condenado a mais de 100 anos de prisão. Os crimes teriam ocorrido durante atendimentos espirituais na casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia.