Caso está sendo investigado para averiguar condutas durante fuga
O auxiliar de produção Tiago Ribeiro Messias foi baleado e morreu, enquanto era feito refém no último sábado (25), por volta das 19h, em Senador Canedo. Segundo um amigo da vítima, Paulo Sérgio Cunha de Lima, Tiago chegou a ser encaminhado pelos policiais até uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), mas veio a falecer.
O jovem, de 31 anos, foi assaltado dentro de casa pelo mesmo indivíduo que havia roubado o carro de um amigo da família, ainda na última sexta-feira (24). Paulo de Lima também afirma que o mesmo assaltante, um menor de 14 anos, anunciou um novo ataque no dia seguinte, levando um carro da empresa onde Tiago trabalhava, juntamente com o rapaz.
Assalto e perseguição
“A esposa do Tiago estava na chácara onde eles moravam, no dia anterior, e presenciou o roubo. O carro foi recuperado e devolvido ao homem. Só que, na tarde de ontem, o mesmo cara surge de novo e anuncia esse assalto, levando o carro, que era da empresa, com ele dentro”, afirma Paulo. A esposa do auxiliar de produção viu o momento, e acionou a Polícia Militar, que começou a perseguir o veículo capturado. “Estávamos nos preparando para uma festa que ia acontecer no domingo, aí bateram no portão e ele foi atender”, afirma a esposa de Tiago, Rowena Gonçalves.
A esposa de Tiago afirma que o marido foi recebido por um menor de 14 anos, que apontou um revólver em direção ao homem, e ao filho, que estava no local. A vítima tentou fugir, mas sob a arma, foi acuado pelo agressor, que levou Tiago dentro do veículo. Segundo a ocorrência que foi registrada junto à PM, militares do Grupo de Patrulhamento Tático (GPT) foram informados, por meio de rádio, que um veículo de modelo Gol estava cruzando avenidas centrais em Senador Canedo. No cruzamento das Avenidas Dom Emanuel e Progresso, o veículo foi cercado pela equipe do GPT.
“Ao que se sabe, houve esta troca de tiros, ninguém sabe ainda quem atirou, nem como, mas tanto o ladrão, quanto o Tiago foram mortos”, conta o amigo da vítima. Os policiais também descobriram que o jovem ainda tinha sido obrigado a dirigir o veículo. Com não portava nenhuma documentação, o assaltante não foi identificado. Os militares afirmam que quando chegaram nas proximidades de um posto de gasolina, foram recebidos a tiros, mas o caso está sendo investigado pela Corregedoria da Polícia Militar. O veículo foi devolvido à família.
Leia abaixo a nota divulgada pela Polícia Militar a respeito do caso. O prazo para a conclusão do Inquérito instalado é de até 40 dias.
“A Polícia Militar de Goiás informa que, sobre o fato ocorrido em Senador Canedo, já foi instaurado Inquérito Policial Militar pela Corregedoria PM. Ressaltamos ainda que o prazo legal para a conclusão do Inquérito é de quarenta dias, e posteriormente será encaminhado ao poder judiciário.”
A Polícia Civil de Goiás informou que as armas utilizadas na ação foram recolhidas e que os militares envolvidos no caso serão ouvidos.
Repercussão
O fato dos dois tripulantes do veículo terem sido alvejados coloca em questionamento, para a esposa da vítima, a ação dos policiais. “O meu marido é alto, está sem camisa, tem duas entradas de calvície, enquanto que o menor era magro, baixo e moreno, então não tinha como confundir os dois”, afirma Rowena Gonçalves. A esposa de Tiago Messias afirma que identificou os dois para os policiais, e ainda disse que era o marido quem dirigia o veículo.
“Eu quero saber porque que atiraram nele”, reforça a esposa. O desfecho da perseguição deixa uma viúva e três órfãos. O amigo da família, Paulo de Lima disse que espera um esclarecimento sobre o ocorrido. O corpo de Tiago Ribeiro Messias foi sepultado no Cemitério Jardim da Paz, em Aparecida de Goiânia, no último domingo (26).
Fraude
Um novo vídeo, divulgado hoje, mostra a atuação dos policiais durante o caso. Na imagens, é possível ver Tiago baleado, sendo retirado do veículo pelos PMs, e colocado em uma viatura. Ao fundo é possível ver o corpo do menor que teria assaltado o veículo. Enquanto isso, um outro militar entra no carro da vítima e efetua vários disparos.
A suspeita sobre as novas imagens é de que os policiais teriam alterado cenas de crime e forjado o tiroteio nas proximidades do posto de gasolina. Para comentar o caso, o delegado responsável pelo caso, Matheus Noleto, concedeu uma coletiva de imprensa na manhã de hoje (28) nas dependências da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária.
Coletiva
O titular do Grupo de Investigações de Homicídios de Senador Canedo (GIH), Matheus Noleto, afirmou que aconteceu uma fraude processual por parte dos policiais militares envolvidos no caso. Sobre as imagens divulgadas mais cedo, Noleto afirmou que “houve uma alteração no local”, e que a pena para quando se tenta induzir juiz ou peritos ao erro, varia de três meses até dois anos de prisão, além de multa.
“Se houve troca de tiros ou não, isso será demonstrado pelas investigações”, aponta o delegado. A fraude foi flagrada por uma câmera de monitoramento giratória, mantida pela prefeitura. O titular do GIH ainda afirmou que compareceu ao posto de combustíveis, tentando conseguir as imagens, mas sem sucesso. Ainda hoje (28) um ofício que solicita acesso às gravações chegou a ser encaminhado à matriz do posto.
O delegado já ressaltou também, que uma nova perícia deve ser realizada para apuração do caso. “No dia do tiroteio, realizamos uma perícia no local, mas como estava chovendo e escuro, tivemos o nosso trabalho prejudicado”, aponta Matheus Noleto.
Gustavo Motta