Violência sexual gera debate na internet

A iniciativa de uma mulher fez surgir outros 20 casos com o mesmo agressor

No mês de novembro o Indique uma Mana foi derrubado pelo Facebook. Ainda não se sabe ao certo quais foram os motivos que levaram ao fechamento do grupo que ajudava 50 mil mulheres. Acredita-se que o banimento tenha ocorrido depois que foram postados relatos de violência contra a mulher nas redes sociais. Nestas denúncias, os agressores eram identificados.

A historiadora e feminista Mariana Lopes explica que as denúncias começaram por causa da coragem de uma mulher que relatou ter sofrido violência sexual e citou o nome do agressor. Após repercutir o desabafo, outros 20 casos foram citados por mulheres diferentes que sofreram abusos pelo mesmo agressor.

Foi criada uma página no Facebook com o nome: Macho na Roda de Goiás, onde as mulheres que sofreram algum tipo de agressão pelos mesmos acusados ou por outros poderiam postar seus relatos no intuito de encorajar mais mulheres que também passaram pelo mesmo sofrimento, além de ser uma forma dar visibilidade para o assunto e lutar contra esse tipo de violência. Contudo, a página foi derrubada no mesmo dia e os perfis de algumas das mulheres que estavam denunciando foram bloqueados.

 “A importância dessa primeira mulher que denunciou é imprescindível e todas as outras que tiveram coragem de denunciar também. Estão criando uma rede de solidariedade muito forte que é importante para que as mulheres tomem consciência de que elas têm que fazer a denúncia se fortalecendo cada vez mais”, destaca Mariana.

Projeto Fotográfico

 Como uma resposta aos inúmeros casos de abusos que vieram à tona o arquiteto e fotógrafo Alejandro Zenha se utilizou da metáfora “o corpo pertence a quem mora nele”, e reuniu 21 modelos voluntárias que foram ouvidas através de seus relatos e corpos despidos para as lentes, numa forma de protesto. O ensaio foi denominado ACESSO RESTRITO.  Para quem quiser acompanhar mais do trabalho é só acessar o Instagram do fotógrafo: @alejandrozenha

Yordanna Lara Pereira é historiadora e conta que aceitou participar do projeto pela oportunidade de ser porta-voz de tantas mulheres silenciadas, além de representar a mulher negra. “Convivo e estou ao lado delas sempre. Não foi comigo, mas só dessa vez. Não é mesmo? Realmente acredito que só alcançaremos alguma mudança se nos mobilizarmos e nos apoiarmos de verdade”, afirma.

“E por ser uma mulher preta, me vejo no lugar que ocupo, na responsabilidade de representar minhas manas” afirma Yordanna.

Outra modelo foi Lara Dias Moura, formada em Artes Cênicas, que participa de ensaios com o Alejandro há um ano. Quando foi convidada para esse em específico, ela fez questão de se voluntariar pela importância que o tema carrega, além de contar já ter sofrido assédio em seu local de trabalho. “Nós mulheres estamos sujeitas a qualquer tipo de agressão e passamos por isso todos os dias. Já estamos de saco cheio, porque não somos obrigadas a nada,” desabafa Lara.

“Aceitar o outro e respeitar é o mínimo que precisamos”, diz Lara.

Ciberativismo

O sociólogo Wellington Cardoso explica que a exposição dessas formas de violência nas redes sociais é muito importante para dar visibilidade e de alguma forma combater, até porque as redes sociais são um meio de comunicação muito utilizado por militantes para fazer campanhas contra toda forma de abuso e de violência. Porém, é importante ressaltar que as denúncias têm que ser efetivadas de forma legal para que o assunto não seja banalizado  de alguma forma.

“As pessoas precisam denunciar nas redes sociais para dar visibilidade a uma situação de violência, mas as mulheres também precisam criar coragem para ir até a delegacia efetivar a denúncia, já que ao mesmo tempo que a mulher se expõe quando ela denuncia, também expõe esse agressor e ele acaba sendo punido, por causa do alcance de uma certa visibilidade. Mas a gente não pode se esquecer que existem meios legais também para fazer isso, “ afirma Wellington.

 

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Anvisa atualiza regras sobre implantes hormonais

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta sexta-feira (22) no Diário Oficial da Uniãoresolução que atualiza as regras sobre o uso de implantes hormonais, popularmente conhecidos como chips da beleza. O dispositivo, segundo definição da própria agência, mistura diversos hormônios – inclusive substâncias que não possuem avaliação de segurança para esse formato de uso.

A nova resolução mantém a proibição de manipulação, comercialização e uso de implantes hormonais com esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos para fins estéticos, ganho de massa muscular ou melhora no desempenho esportivo. O texto também proíbe a propaganda de todos os implantes hormonais manipulados ao público em geral.

“Uma novidade significativa dessa norma é a corresponsabilidade atribuída às farmácias de manipulação, que agora podem ser responsabilizadas em casos de má prescrição ou uso inadequado indicado por profissionais de saúde. Essa medida amplia a fiscalização e promove maior segurança para os pacientes, exigindo mais responsabilidade de todos os envolvidos no processo”, disse em nota Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbenm).

“É importante destacar que essa nova resolução não significa aprovação do uso de implantes hormonais nem garante sua segurança. Ao contrário, reforça a necessidade de cautela e soma-se à resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que já proibia a prescrição de implantes sem comprovação científica de eficácia e segurança”, destacou a nota.

Entenda

Em outubro, outra resolução da Anvisa havia suspendido, de forma generalizada, a manipulação, a comercialização, a propaganda e o uso de implantes hormonais. À época, a agência classificou a medida como preventiva e detalhou que a decisão foi motivada por denúncias de entidades médicas como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) que apontavam aumento no atendimento de pacientes com problemas.

Na avaliação da Sbem, a nova resolução atende à necessidade de ajustes regulatórios em relação a publicação anterior. A entidade também avalia a decisão de proibir a propaganda desse tipo de dispositivo como importante “para combater a desinformação e proliferação de pseudoespecialistas, sem o conhecimento médico adequado, comuns nas redes sociais”.

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