Marconi tira de pauta projeto que cria procuradores de autarquia

Governador vai aguardar voto do ministro Luiz Barroso, do STF sobre a matéria

O governador Marconi Perillo retirou o projeto referente aos procuradores autárquicos da Assembleia Legislativa. O projeto de lei seria votado hoje. “Solicitei ao deputado Francisco Oliveira a devolução do projeto, a fim de que não pairem dúvidas sobre sua constitucionalidade. Aguardarei o voto do ministro Luiz Barroso, do STF sobre a matéria”, divulgou Marconi ontem de noite.

Desde 2015 está em batalha no Supremo Tribunal Federal um projeto de lei que pode custar R$ 80 milhões por ano aos cofres do estado de Goiás. Na semana passada, o governo de Marconi Perillo (PSDB) apresentou ao Legislativo do Estado proposta para regulamentar a promoção, sem concurso público, de 142 advogados, gestores jurídicos e procuradores jurídicos ao cargo de procurador de autarquia.

Ao considerar o salário atual dos servidores, alguns podem triplicar seus vencimentos caso a proposta que regulamenta a emenda que alterou a Constituição Estadual em 2014 seja aprovada na Assembleia Legislativa de Goiás. De acordo com o projeto, o subsídio inicial do procurador autárquico será fixado em R$ 14,1 mil. Em média, gestores, procuradores jurídicos e advogados ganham oito mil reais.

Os procuradores do Estado de Goiás manifestam posição contrária ao PL 2017004957, que regulamenta a criação do cargo de procurador de autarquia, promovido, sem concurso público. A votação iria ocorrer nesta terça-feira (12), no plenário da Assembleia Legislativa de Goiás. O projeto busca regulamentar o artigo 92-A da Constituição Estadual, inserido pela Emenda Constitucional (EC) 50/2014.

O presidente da Associação dos Procuradores do Estado de Goiás (APEG), Tomaz Aquino, alerta que se aprovada, a lei irá gerar um processo pernicioso. “Não só porque permite a transposição imediata, mas porque mantém a janela de enquadramento eternamente aberta. É um trem da alegria permanente”, afirma Aquino. A janela a que ele se refere diz respeito ao número de funcionários que poderiam  ser promovidos. Conforme dito, o governo de Goiás afirma que o efetivo de advogados, gestores jurídicos e procuradores jurídicos é de 142, mas o número criado de procurados autárquicos chega a 160.

Segundo Tomaz Aquino, ainda que a proposta, além de ferir a Constituição, impõe aumento de gastos públicos com estrutura desnecessária e paralela à Procuradoria-Geral do Estado. “O projeto regulamenta a Emenda 50, questionada no STF, que já declarou inconstitucionalidade em casos análogos”, completa.

Isabel Oliveira

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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