O desmatamento do Cerrado não teve trégua. O bioma perdeu 89% de cobertura somente em dezembro do ano passado. A estatística preocupante é do Instituto de Pesquisa Ambiental (Ipam) e faz comparação com o mesmo período de 2021. O estudo aponta que Maranhão lidera a destruição, enquanto Tocantins teve a maior redução da vegetação nativa.
De modo geral, o desmatamento do Cerrado alavancou 20%. O resultado foi obtido após monitoramento por satélite com inteligência artificial. Para conter a situação, o presidente Lula assinou um decreto restabelecendo o chamado Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). O documento prevê a criação de um plano próprio para o Cerrado. O trabalho foi realizado com parceria da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do MapBiomas.
Um estudo recente da Universidade revelou que Goiás perdeu uma área equivalente a Goiânia somente no ano passado. Em quatro anos (2019-2022), o desmatamento da vegetação passou a ser em áreas menores. A modalidade atrapalha a fiscalização e contenção pelas autoridades.
“Matopiba é a região com os últimos grandes remanescentes de Cerrado, mas também é a principal fronteira agrícola no bioma nos últimos anos, principalmente para soja. Essa é a região onde se deveriam focar esforços para combater e reduzir o desmatamento no bioma”, defende a pesquisadora do Ipam, Tarsila Cutrim Andrade.
A palavra Matopiba é um acrônimo para a porção da região de abrangência do bioma que tem as iniciais dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O modelo de produção do agronegócio tem ameaçado o Cerrado, segundo maior bioma do Brasil. Especialistas acreditam que, se nada for feito, um terço do que restou pode ser extinto nas próximas três décadas. As mudanças climáticas intensificadas pela ação humana põem em risco a existência da flora e fauna nativas e, mais diretamente, os recursos naturais necessários para a sobrevivência das pessoas.