PSDB corre risco de extinção em Goiás

Sem proposta de renovação e com acúmulo de desgastes, o PSDB goiano vem experimentando um processo de esvaziamento nos últimos anos, fato que se agravou com a derrota de José Eliton na eleição de 2018 para o governo e também com o fiasco do ex-governador Marconi Perillo na disputa para o Senado em duas eleições consecutivas (2018 e 2022). Em meio ao processo de encolhimento da legenda que governou Goiás por 16 anos, novas lideranças anunciam que estão de saída.

Um dos últimos tucanos de alta plumagem no Estado, o prefeito de Uruaçu, Valmir Pedro, também manifestou desejo de deixar o ninho tucano. Ele criticou o comportamento da direção nacional da sigla em relação à eleição de 2022 em Goiás. Valmir, que apoiou a reeleição de Ronaldo Caiado, avalia que o melhor caminho para manter sua liderança política na região Norte do Estado é caminhar ao lado do governador, e que isso não será possível no PSDB. Como se vê, o futuro do partido, que já foi grande em Goiás, é incerto e pouco animador.

Alegando falta de estrutura e relevância do PSDB em níveis nacional e estadual, o próprio ex-governador Marconi Perillo teria cogitado deixar o partido e buscar novas siglas que possam garantir a ele condições de disputar o governo de Goiás em 2026. Marconi estaria descrente e ressentido com a postura da legenda nas eleições do ano passado, quando foi mais uma vez derrotado na disputa pelo Senado. Segundo ele, o PSDB nacional não teria dado respaldo para aliança com o PT. O tucano tem dito a aliados mais próximos que o partido está muito desgastado em Goiás.

Desidratação

O PSDB, que já teve uma bancada de sete deputados estaduais e cinco deputados federais eleitos em 2014, vem perdendo espaço na composição das bancadas, tanto na Assembleia Legislativa, onde conseguiu apenas duas cadeiras nas eleições do ano passado, quanto na Câmara dos Deputados, agora representado apenas por Lêda Borges, eleita para a Câmara nas eleições de outubro.

Também é visível a diminuição da representatividade do partido no interior do Estado. Depois de eleger 75 prefeitos nas eleições municipais de 2016, o PSDB conseguiu vencer a eleição em apenas 20 cidades goianas em 2020. Hoje, apenas 14 gestores municipais ainda estão filiados à legenda.
Segundo analistas políticos, a situação do partido em Goiás começou a se agravar, de fato, com a perda do comando do governo do Estado, em 2018, e com a derrota de Perillo para o Senado naquela eleição, quando foi apenas o 5º colocado. Com a ascenção de Ronaldo Caiado ao poder e a revelação da situação fiscal e financeira do Estado, deixada pelos tucanos, o partido passou a sofrer uma espécie de retaliação eleitoral, o que explicaria o fiasco nas eleições de 2020, principalmente na capital, onde o então candidato do partido, deputado Talles Barreto, teve apenas pouco mais de 5 mil votos.

Ao longo da última década, o PSDB de Goiás conviveu com uma série de escândalos de corrupção envolvendo suas mais proeminentes figuras, como a prisão de dois ex-presidentes da sigla, em 2016, no curso da Operação Decantação, que investigou desvios na Saneago. Em 2018, o ex-governador Marconi Perillo também chegou a ser preso na Operação Cash Delivery, que já havia levado à cadeia o homem forte do governo tucano da época, Jaime Rincón, então presidente da antiga Agetop, ambos acusados de receber propinas da empreiteira Odebrecht. Todos esses episódios acabaram contribuindo para que o partido fosse caindo em descrédito junto ao eleitorado goiano.

Com a perda do protagonismo tucano, a partir do início de 2022, já visando as eleições estaduais, nomes importantes do partido, a exemplo do próprio Talles Barreto, que foi líder do governo tucano na Alego, deputado estadual Francisco Oliveira e Célio Silveira, deputado federal com forte influência no Entorno do DF, deixaram o PSDB, buscando abrigo em siglas que lhes garantissem a reeleição.

Antes, no início de 2021, o PSDB já havia perdido Jânio Darrot, uma expressiva liderança da região Metropolitana, havia 14 anos filiados à legenda. Um ano depois, o próprio José Eliton, que foi vice de Marconi nos dois últimos mandatos do tucano, também deixou o partido. Sem estrutura partidária, o PSDB goiano não lançou nome para o governo, fato que dificultou a eleição proporcional da sigla.

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Mauro Cid confirma ao STF que Bolsonaro sabia de trama golpista

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estava ciente de um plano para um golpe de Estado. O ex-ajudante de ordens foi ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes na última quinta-feira, 21, para esclarecer contradições entre sua delação premiada e as investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF).

De acordo com informações apuradas pela PF, a investigação revelou a existência de um plano envolvendo integrantes do governo Bolsonaro para atentar contra a vida de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes. Contudo, os advogados de Mauro Cid negam que ele tenha confirmado que Bolsonaro estava diretamente envolvido na liderança do suposto plano de execução.

Após prestar depoimento por mais de três horas, o advogado de Cid, Cezar Bittencourt, declarou que seu cliente reiterou informações já apresentadas anteriormente. A advogada Vania Adorno Bittencourt, filha de Cezar, declarou ao Metrópoles que Bolsonaro sabia apenas da tentativa de golpe.

O ministro Alexandre de Moraes validou a colaboração premiada de Mauro Cid, considerando que ele esclareceu omissões e contradições apontadas pela PF. O depoimento foi o segundo do tenente-coronel nesta semana, após a recuperação de arquivos deletados de seus dispositivos eletrônicos pela PF.

Bolsonaro indiciado pela Polícia Federal

No mesmo dia, a Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado. O relatório foi entregue ao ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no STF.

Entre os indiciados estão os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O grupo é acusado de crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, atuando em seis núcleos distintos.

Bolsonaro, em resposta, criticou a condução do inquérito, acusando Moraes de “ajustar depoimentos” e realizar ações fora do que prevê a lei. As investigações continuam em andamento, com implicações graves para os envolvidos.

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