PEC exige maioria do STF para afastar chefes do Executivo e Legislativo

Dificultar o afastamento dos chefes dos Poderes Executivo e Legislativo por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) é o objetivo de uma proposta de emenda constitucional apresentada pela senadora capixaba Rose de Freitas, do PMDB. A PEC 49/2017 que tramita no Senado, reza que eventuais decisões contra os presidentes da República e do Congresso devem ser aprovadas pela maioria absoluta da Corte (6 dos 11 ministros). A regra valeria inclusive para procedimentos cautelares ou liminares.

A PEC 49/2017 aguarda a indicação de um relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Na justificativa, a autora faz referência a um episódio ocorrido recentemente. Em dezembro de 2016, o ministro Marco Aurélio Mello concedeu uma liminar para afastar o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) da Presidência do Senado. Mello entendeu que, como havia se tornado réu em um processo no STF, Calheiros não poderia continuar no cargo por estar na linha sucessória do presidente da República.

A mesa diretora do Senado decidiu aguardar a deliberação do Pleno do STF antes de decidir sobre um possível afastamento de Renan Calheiros. Por seis votos a três, a Corte derrubou a liminar de Marco Aurélio.

De acordo com Rose de Freitas, a medida pode impedir “esse tipo de procedimento indiscutivelmente traumático”. Ela lembra que um processo de impeachment contra ministro do STF exige decisão de dois terços do Senado, assim como o afastamento do presidente da República depende do voto de dois terços dos deputados.

“Não é admissível decisão monocrática, mormente em sede liminar, com o condão de afastar o comando do Legislativo federal, em qualquer de suas Casas”, argumenta Rose de Freitas na justificativa da PEC. (Com informações do STF)

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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