O número de crianças vítimas de violência sofreu um aumento de 11,5%, em Goiás, durante o ano de 2022. Com base nos dados fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), por dia, foram registrados nove ocorrências desta natureza, totalizando 294 por mês. No total, 3.532 crianças de 0 a 12 anos foram abusadas, abandonadas ou agredidas no período. Em 2021, por outro lado, o número chegou a 3.167.
Ainda de acordo com a pasta, houve aumento em todas as áreas de violência, exceto maus-tratos (baixa de 2,2%). Por outro lado, crimes como (lesão corporal (23%), estupro (13,1%) e abandono de incapaz (7%), surpreendem.
O estupro, por exemplo, foi o crime mais registrado pela SSP em 2021, com 1.699 casos, seguindo pelo crime de lesão corporal (891), maus-tratos (684) e abandono de Incapaz (258). Para a delegada Thaynara Andrade, o aumento dos casos está relacionado ao retorno das atividades habituais após a pandemia.
“O estupro é um crime que causa repulsa em quem toma conhecimento do fato, assim, são realizados mais registros envolvendo crimes sexuais. Por outro lado, as lesões corporais e maus-tratos são considerados partes do processo educativo e por isso são noticiados por terceiros. O registro também é realizado quando envolve genitores separados, em que um faz a ocorrência acusando o outro como autor”, explicou.
Agressores
Os agressores, conforme Thaynara, não possuem um perfil. Porém, normalmente, eles fazem parte do ciclo familiar da criança. A delegada diz ainda que esses criminosos são mais difíceis de serem descobertos a curto prazo. Ela conta que, geralmente, em casos de crimes sexuais, as vítimas desenvolvem sintomas psicológicos que afetam seu comportamento antes de relatar a violência sexual sofrida. Por conta disso, os abusos podem perdurar por longos períodos de tempo.
Por outro lado, é possível perceber se a criança esta sendo vítima de violência. Thaynara explica que o agressor faz questão de estar sempre a sós com a vítima e querendo agradá-la em momentos inesperados. Além disso, os pais também devem prestar atenção se o adulto faz brincadeiras inapropriadas com a criança se tenta sempre manter contato físico.
“A criança desenvolve mudanças em seu comportamento, pode vir a ter sintomas de ansiedade, depressão, automutilação, comportamento sexualizado precoce, falas inapropriadas, ou reclamar que sente dor em seu órgão genital sem motivo. O principal é acolher a criança, sem julgamento, sem descredibilizar a fala dela, pois na maior parte dos casos, os crimes são praticados por pessoas próximas que deveriam cuidar desse menor, como avós, pais, padrastos, tios, dentre outros”, concluiu.