Uma mulher europeia foi diagnosticada com “pulmão de pipoca”, após o vício em cigarros eletrônicos. Abby Flyn consumia o equivalente a 140 cigarros eletrônicos por semana. A doença crônica impede que as células do pulmão se recuperem após uma inflamação ou infecção. Com isso, as vias respiratórias são obstruídas e a pessoa tem sintomas como dificuldade para respirar, tosse persistente e sensação de falta de ar. No Brasil, os “vapes” são populares entre os jovens.
Em janeiro deste ano, ela acordou sem conseguir respirar e com uma tosse incontrolável. Ao procurar ajuda médica no Hospital Milton Keyne, no Reino Unido, a jovem recebeu o diagnóstico da doença: bronquiolite obliterante. A moça de 20 anos afirmou a um jornal local ter começado a fumar no verão de 2021 porque era o comportamento “da moda”. No entanto, a diversão se tornou uma dependência.
De acordo com o Ministério da Saúde, os cigarros eletrônicos são considerados Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF). Eles funcionam à base de uma bateria que aquece uma solução líquida, produzindo um aerossol que é inalado pelo usuário. Os produtos possuem também substâncias cancerígenas e com potencial explosivo, metais pesados, além de produtos utilizados na indústria alimentícia.
A febre do momento traz uma série de riscos à saúde para quem fuma e para quem está por perto. O cigarro eletrônico aumenta as chances de sintomas de bronquite em 40% e falta de ar em 53% entre adultos jovens, de acordo com pesquisa do Southern California Children Health Study. A novidade faz parte de uma estratégia da indústria do tabaco para ganhar parte do espaço perdido nos anos 1990, quando campanhas maciças realizadas pelo Governo Federal orientaram a população, restringiram a publicidade, aumentaram a carga tributária e coibiram o hábito em espaços fechados. Os vapes são controlados eletronicamente e usam a bateria para aquecer o líquido inserido na estrutura para produzir névoa de fumaça com ou sem cheiro que justifica o nome do produto, que vem do inglês e significa vaporizar.
A cara de moderninho do cigarro, com carga feita por cabo USB, formato de pen drive ou caneta e a possibilidade de nivelar a quantidade de nicotina e adicionar aromatizadores fez com que um a cada cinco brasileiros de até 24 anos de idade passassem a consumir o vape com frequência, segundo dados mais recentes da pesquisa Covitel. As mídias sociais com tutoriais sobre quais os melhores vendidos no mercado e ainda como montar um modelo caseiro mais barato (na loja o produto custa a partir de R$60) ajudam a popularizar a tendência entre esse público.