OMS deve incluir uso excessivo de eletrônicos como transtorno mental

A Organização Mundial de Saúde (OMS) vai atualizar a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados  (CID, sigla em inglês) para reformular a definição de diversos transtornos mentais e incluir novos conceitos, como o transtorno por jogos eletrônicos.

O uso abusivo de internet, smartphones, videogames e outros aparelhos eletrônicos, segundo estudo da OMS, aumentou drasticamente nas últimas décadas devido a casos associados a consequências negativas para a saúde. O assunto ainda está sendo discutido por especialistas do processo de definição das novas diretrizes, porém, de acordo com o psiquiatra e presidente da Associação Psiquiátrica de Goiás Mateus Diniz, o surgimento de novas tecnologias acaba por gerar na população novos transtornos baseados em doenças parecidas. “Não se falava disso antes porque não existiam tecnologias como smartphones, Com a disseminação desses aparelhos, podemos perceber a manifestação de novos comportamentos que trazem relação com outras dependências e doenças já existentes”, comenta o psiquiatra.

Outros transtornos como a ansiedade, por exemplo, começam a ser vistos nos dependentes de jogos eletrônicos e tecnologias, e se adaptam a substâncias especificas, como explica Mateus. “Nós fazemos uma analogia com outros transtornos e doenças que já existem e adaptamos à novas situações como o estímulo de recompensa que jogos podem causar. A partir do momento em que o cérebro fica adaptado com um estímulo como esse, pode levar o indivíduo a apresentar sintomas como deixar de se relacionar apropriadamente, deixar de fazer atividades físicas, ter prejuízos familiares, sono conturbado entre outros. Os médicos analisam isso como uma dependência com drogas, para ver se encaixa nesse tipo de classificação de transtorno”, explica Diniz.

O final da adolescência até o período do adulto jovem é a faixa etária mais propensa a sofrer com esse tipo de transtorno, segundo Mateus Diniz. “Na adolescência, o cérebro ainda está em desenvolvimento e é por volta dos 25 anos que o lobo frontal cerebral se desenvolve mais e os riscos de dependência são menores. O recomendável é prevenir quando a pessoa ainda é jovem, estipulando horários para utilizar os aparelhos, estimular atividades físicas, entre outras.

Nos Estados Unidos, o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais já regulariza esses tipos de vícios como transtornos e, para Mateus, é correto que a OMS inclua mundialmente. “Se notamos prejuízos sociais, laborais e de relacionamento, isso é porque se trata de uma doença mental. São prejuízos que às vezes não conseguimos assumir com simples exames. Então é preciso classificar corretamente esse tipo de doença”, finaliza o psiquiatra.

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Anvisa atualiza regras sobre implantes hormonais

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta sexta-feira (22) no Diário Oficial da Uniãoresolução que atualiza as regras sobre o uso de implantes hormonais, popularmente conhecidos como chips da beleza. O dispositivo, segundo definição da própria agência, mistura diversos hormônios – inclusive substâncias que não possuem avaliação de segurança para esse formato de uso.

A nova resolução mantém a proibição de manipulação, comercialização e uso de implantes hormonais com esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos para fins estéticos, ganho de massa muscular ou melhora no desempenho esportivo. O texto também proíbe a propaganda de todos os implantes hormonais manipulados ao público em geral.

“Uma novidade significativa dessa norma é a corresponsabilidade atribuída às farmácias de manipulação, que agora podem ser responsabilizadas em casos de má prescrição ou uso inadequado indicado por profissionais de saúde. Essa medida amplia a fiscalização e promove maior segurança para os pacientes, exigindo mais responsabilidade de todos os envolvidos no processo”, disse em nota Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbenm).

“É importante destacar que essa nova resolução não significa aprovação do uso de implantes hormonais nem garante sua segurança. Ao contrário, reforça a necessidade de cautela e soma-se à resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que já proibia a prescrição de implantes sem comprovação científica de eficácia e segurança”, destacou a nota.

Entenda

Em outubro, outra resolução da Anvisa havia suspendido, de forma generalizada, a manipulação, a comercialização, a propaganda e o uso de implantes hormonais. À época, a agência classificou a medida como preventiva e detalhou que a decisão foi motivada por denúncias de entidades médicas como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) que apontavam aumento no atendimento de pacientes com problemas.

Na avaliação da Sbem, a nova resolução atende à necessidade de ajustes regulatórios em relação a publicação anterior. A entidade também avalia a decisão de proibir a propaganda desse tipo de dispositivo como importante “para combater a desinformação e proliferação de pseudoespecialistas, sem o conhecimento médico adequado, comuns nas redes sociais”.

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