Pessoas que tomaram a dose fracionada de vacina da febre amarela em São Paulo, na Bahia e no Rio de Janeiro não estão totalmente imunizadas da doença, segundo o médico Francisco Geraldo. O imunologista disse ao Diário do Estado que a vacina fracionada não está embasada em estudos científicos consistentes. “É algo novo. Ainda não vi evidências científicas suficientes sobre a duração dessa dose fracionada. A própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revelou que não vai liberar o certificado internacional para quem quiser viajar para fora do país e tomar apenas essa nova dose. Essas opiniões divergentes entre governo e Anvisa geram dúvidas entre nós profissionais”, explica o especialista.
A dose fracionada não está disponível em Goiás, mas pessoas que a tomarem e que venham para Goiás podem estar em risco. A nova vacina será disponibilizada nos estados de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, entre fevereiro e março deste ano, durante uma campanha de emergência para aplicação de doses fracionadas da vacina para combater com maior agilidade a febre amarela, por decisão do Ministério da Saúde. Assim como a dose única, a estratégia tem respaldo da Organização Mundial da Saúde como opção de quando há risco da doença se expandir em cidades com índice elevado populacional, como é o caso de SP, RJ e BA.
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz é a única instituição autorizada a fabricar e distribuir as doses fracionadas e garante a eficiência da vacina que, segundo estudos, protege a pessoa por até oito anos, enquanto a dose única protege por toda a vida. A dose fracionada tem 0,1 ml, já a dose padrão é de 0,5 ml.
O Ministério da Saúde não descarta a possibilidade de que aqueles que receberam a dose fracionada tenham que retornar para um reforço, mas isso vai depender de estudos a longo prazo. “O país está infestado por mosquitos transmissores de doenças que estavam sumidas há muitos anos, como a própria febre amarela, principalmente por conta do mal funcionamento do saneamento básico do país. Sem estudos amplos e consistentes sobre sua eficácia e duração, acaba se tornando algo perigoso. O ministro da Saúde que anunciou essa nova decisão é engenheiro civil, sem formação médica. Então, que respaldo temos?”, finaliza Francisco Geraldo.
A febre amarela é transmitida por picada de mosquito em um humano ou macaco infectado que, após o vírus começar a circular em seu organismo, volta a picar outra pessoa ou animal. Nas primeiras manifestações, os atingidos podem apresentar febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, vômitos, dor muscular por cerca de três dias, enquanto a forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após esse período, com o paciente podendo apresentar insuficiência renal, olhos e pele amarelados, cansaço intenso e hemorragias.