Brasil tem rombo econômico de mais de R$ 200 bi. Qual a origem dessa dívida?

Inflação deve fechar abaixo de 6% pela primeira vez desde março

Você já deve ter ouvido falar que o orçamento do governo federal para 2023 está com um rombo de R$ 231,5 bilhões. Esses números voltaram à tona após o Ministério da Fazenda retomar a cobrança de impostos sobre gasolina e etanol, a fim de aliviar esse déficit. Afinal de contas, como é que ele surgiu? Quais as origens dessa dívida histórica e como aliviá-la?

A crise de 2008 no Brasil

Em 2008, a falência do banco de investimento norte-americano Lehman Brothers deu origem a uma das maiores crises econômicas da história. Quase todos os países do mundo foram afetados de forma massiva. O Brasil, no entanto, foi um do que menos sentiu porque o presidente Lula, na época em seu segundo mandato, aumentou o gasto para o país não afundar na crise.

Naquele momento, a medida de fato ajudou o Brasil a se manter de pé, com uma recessão de apenas 0,1% em 2009, enquanto países como Estados Unidos, Alemanha, França, Itália e Inglaterra sentiram os efeitos do colapso econômico. Porém, o que veio depois se tornou um problema, segundo esclarece o economista Luiz Carlos Ongaratto.

“Ao final da crise, não se reduziram os gastos e continuou a expansão. Desde 2014, o País tem déficit fiscal. Já foram feitas algumas reformas, como trabalhista e da previdência, mas o Brasil não consegue mais arrecadar o suficiente. Por isso, veio o teto de gastos, visando conter, ajustando pela inflação, todo o gasto da máquina pública”, explica ao Diário do Estado (DE).

O déficit público é justamente quando o país não consegue arrecadar nos tributos e ser capaz de pagar todo o gasto da máquina pública. Isso inclui investimentos de ministérios, salários de deputados, senadores e funcionários públicos, assim como os gastos com a previdência.

A continuidade da dívida econômica e o que fazer

Ao longo dos anos subsequentes à crise de 2008, o Brasil não reajustou o curso. No governo Bolsonaro, por exemplo, as desonerações, auxílios para caminhoneiros, gastos em período eleitoral, entre outros fatos, foram agravando o problema. “Por que você iria abrir mão de tributar um combustível fóssil, que é mais poluente? É uma das questões”, aponta Ongaratto.

De acordo com o economista, privatizações foram feitas para vender o patrimônio e pagar o déficit. Essas medidas, embora pareçam bem-sucedidas a curto prazo, não vão na causa. É como se alguém tivesse uma dívida e vendesse o carro ou a casa. Estaria perdendo o patrimônio, sem necessariamente conseguir sanar o déficit. O cerna da questão, portanto, está na arrecadação.

“Entre as medidas possíveis para reduzir o déficit fiscal, está a reforma tributária, que seria tributar quem paga menos tributos hoje. As camadas da classe média e baixa pagam proporcionalmente muito mais impostos do que a classe mais rica do Brasil”, opina Ongaratto.

O consumo em terras tupiniquins é tributado, mas não a renda. Isso significa que um indivíduo rico acaba pagando o mesmo valor que o mais pobre quando quer comprar um produto. Por isso, a tributação das camadas mais altas da sociedade serviria para aumentar a arrecadação do Estado.

Ainda, o Governo Federal sinalizar que vai cumprir metas fiscais ajuda a diminuir a tensão do mercado e automaticamente diminui os juros de longo prazo. “O Estado não pode ser irresponsável a ponto de prejudicar as atividades produtivas, porque é aquilo que emprega as pessoas, gera impostos e movimenta a economia”, prossegue Ongaratto.

Por fim, é necessário reduzir gastos com funcionalismo e tornar a máquina mais eficiente com equiparação salarial de mercado. “Hoje temos um absurdo no Brasil que são funcionários públicos com baixa produtividade ganhando mais do que funcionários da iniciativa privada, muitas vezes mais qualificados e produtivos. É um setor que arrecada tributos sendo prejudicado”, conclui o economista.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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