Uma pesquisa inédita aponta que 57% das pessoas acredita que os jovens estão despreparados para o mercado de trabalho. A percepção tem sido reforçada em meio às reclamações de alunos e professores sobre a reforma do Ensino Médio, em vigor desde o ano passado. A proposta de flexibilizar os currículos pode estar distanciando os futuros profissionais de vagas de trabalho e até mesmo atrapalhando o preparo para ingresso no ensino superior.
O levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço Social da Indústria (Sesi) indica que os problemas históricos da educação brasileira pensam na formação dos jovens. Questões como falta de qualidade, falta de condições de trabalho para os profissionais e de infraestrutura das instituições de ensino têm impacto direto na realidade e perspectivas dos alunos.
Para parte dos entrevistados, outros níveis de ensino também estão ruins. A educação fundamental foi avaliada negativamente por 13% das pessoas, o técnico e graduação não são bons para 8% e a especialização e pós-graduação merecem nota baixa para 7% dos brasileiros. As críticas ao novo Ensino Médio são relevadas por 84%, que avaliam uma queda da evasão escolar.
Com a reforma do Ensino Médio, os aluno têm a possibilidade de escolher quais áreas do conhecimento quer priorizar: Matemática e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. O formato desobriga os jovens do estudo de disciplinas tradicionais e reduz a quantidade de algumas aulas, conforme o eixo de interesse do estudante.
Um outro viés é a necessidade de 1,2 mil horas de aula de “conteúdos da formação técnica e profissional”. Aprovado no governo Temer, a ideia está sendo revista pela gestão Lula. A reclamação está na falta de professores para a agora já reduzida quantidade de encontros para o ensino aos jovens de Língua Portuguesa e Matemática, por exemplo, perpetuação de desigualdades socioeconômicas entre as escolas e criação de temas aleatórios para cumprimento da nova diretriz como “Como fazer brigadeiro”, “RPG” e “O que rola por aí”.
Nesta quinta-feira, 9, o Ministério da Educação abriu uma consulta pública para ponderar a opinião de especialistas. O currículo pode ser alterado para se adequar aos chamados itinerários formativos. A portaria que instaurou o procedimento tem validade de 90 dias, mas pode ser prorrogada. Um relatório será produzido e encaminhado para o órgão.