“Boom” de canetas emagrecedoras pode prejudicar doentes crônicos

“Boom” de canetas emagrecedoras pode prejudicar doentes crônicos

A confirmação do uso de medicação injetável à base semaglutida como opção de tratamento contra o sobrepeso e a obesidade transformou as chamadas “canetas emagrecedoras” em objeto de desejo de todos que buscam alguma melhora na composição corporal.

Estima-se que o mercado das drogas com semaglutida, que já movimenta US$ 23 bilhões anualmente apenas com o uso por pessoas com diabetes, salte para US$ 100 bilhões nos próximos anos.

Para o endocrinologista Guilherme Borges, embora seja um reforço bem-vindo no combate à obesidade, há risco de desabastecimento diante do uso indiscriminado. “Os representantes até avisaram a todos os médicos prescritores que isso poderia acontecer”, afirma.

“Boom” das canetas emagrecedoras

A procura pelas “canetas emagrecedoras” tem sido tamanha que especialistas já a comparam ao impacto de outros medicamentos para disfunção erétil e antidepressivos. De fato, Guilherme esclarece que essa popularidade encontra justificativa na eficácia dessa medicação no controle da glicose e na perda de peso.

“Dentre as medicações que temos disponíveis no Brasil até hoje para o tratamento de sobrepeso e obesidade, essas opções injetáveis são as melhores em termos de percentual de perda de peso, podendo chegar a em média 15% do peso perdido e até mais em alguns pacientes”, pontua.

Ele explica que muito disso se deve à forma como a semaglutida reage no organismo humano, favorecendo a regulação da glicemia após as refeições e proporcionando maior sensação de saciedade mesmo com a ingestão de menores volumes de comida. Contudo, por mais benéficas que as “canetas emagrecedoras” sejam, o uso indiscriminado também apresenta riscos.

Risco do uso indiscriminado

À primeira vista, os efeitos negativos do uso dessa medicação injetável sem acompanhamento médico podem parecer corriqueiros. O endocrinologista Guilherme Borges esclarece que podem surgir náuseas, intestino preso ou mesmo diarreia. Em casos mais raros, também pode ocorrer um quadro de hipoglicemia.

Contudo, o especialista reforça que, diante do uso recreativo por pessoas que buscam um auxílio para melhorar a composição corporal, a medicação coloca a autonomia futura da pessoa em risco. Isso porque em um indivíduo que não tem sobrepeso ou obesidade, o tratamento com semaglutida injetável pode levar a uma perda de peso às custas de massa muscular.

Como Guilherme destaca, esse é um efeito muito desinteressante a longo prazo. Isso porque o músculo é algo que precisa ser preservado na maior parte dos pacientes que estão em processo de emagrecimento justamente por se relacionar com a sua autonomia, sua capacidade de exercer atividades de vida diária, com a redução do risco de queda no envelhecimento e também com o emagrecimento.

Outro efeito negativo preocupante é o desequilíbrio entre massa magra e gordura. “Se você perde peso a qualquer custo, inclusive perdendo massa muscular, você também reduz o seu metabolismo já que o músculo está diretamente relacionado com a capacidade de gasto de energia ao longo do dia. Lá na frente, isso pode até ser prejudicial no sentido de favorecer o reganho de peso. Isso vai gerar um desbalanço ainda maior entre gordura e músculo, ocasionando uma maior desproporção, ou seja, mais gordura e menos músculo”, conclui.

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Anvisa atualiza regras sobre implantes hormonais

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta sexta-feira (22) no Diário Oficial da Uniãoresolução que atualiza as regras sobre o uso de implantes hormonais, popularmente conhecidos como chips da beleza. O dispositivo, segundo definição da própria agência, mistura diversos hormônios – inclusive substâncias que não possuem avaliação de segurança para esse formato de uso.

A nova resolução mantém a proibição de manipulação, comercialização e uso de implantes hormonais com esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos para fins estéticos, ganho de massa muscular ou melhora no desempenho esportivo. O texto também proíbe a propaganda de todos os implantes hormonais manipulados ao público em geral.

“Uma novidade significativa dessa norma é a corresponsabilidade atribuída às farmácias de manipulação, que agora podem ser responsabilizadas em casos de má prescrição ou uso inadequado indicado por profissionais de saúde. Essa medida amplia a fiscalização e promove maior segurança para os pacientes, exigindo mais responsabilidade de todos os envolvidos no processo”, disse em nota Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbenm).

“É importante destacar que essa nova resolução não significa aprovação do uso de implantes hormonais nem garante sua segurança. Ao contrário, reforça a necessidade de cautela e soma-se à resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que já proibia a prescrição de implantes sem comprovação científica de eficácia e segurança”, destacou a nota.

Entenda

Em outubro, outra resolução da Anvisa havia suspendido, de forma generalizada, a manipulação, a comercialização, a propaganda e o uso de implantes hormonais. À época, a agência classificou a medida como preventiva e detalhou que a decisão foi motivada por denúncias de entidades médicas como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) que apontavam aumento no atendimento de pacientes com problemas.

Na avaliação da Sbem, a nova resolução atende à necessidade de ajustes regulatórios em relação a publicação anterior. A entidade também avalia a decisão de proibir a propaganda desse tipo de dispositivo como importante “para combater a desinformação e proliferação de pseudoespecialistas, sem o conhecimento médico adequado, comuns nas redes sociais”.

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