Os bandidos que traçavam um plano para assassinar o senador e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e a família dele fazem parte de um “departamento” especializado e sigiloso até para a maioria dos integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Nove criminosos de São Paulo, do Paraná, de Rondônia, do Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal envolvidos no esquema foram presos pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, 22.
De acordo com o jornal Metrópoles, os membros da facção responsável pela inteligência do grupo integram a “Sintonia Restrita”. A área tem ampla rede de comunicação de alcance nacional sob o comando do líder do bando: Marcos Camacho, o Marcola. Ele foi transferido hoje da Penitenciária Federal de Brasília para outra unidade de segurança máxima com destino ainda não informado.
A estratégia dos bandidos era acompanhar os endereços das “vítimas” e seguir o trajeto de todos para identificar a rotina e facilitar a atuação do grupo. Os criminosos monitoram endereços de autoridades juradas de morte, fazem vigilância em campo dos alvos, mapeiam veículos usados pelas vítimas, assim como os lugares mais frequentados por elas e roteirizam a rotina de pessoas marcadas para morrer.
A investigação apontou que eles seguiram as pessoas marcadas para morrer. No caso de Moro, eles teriam chegado a alugar uma casa na mesma rua em que mora o político. A Polícia Militar do Paraná estava fazendo a escolta de todos da família. Na lista de servidores e autoridades públicas que seriam alvo dos bandidos estava o promotor de justiça em São Paulo, Lincoln Gakiya, que era integrante do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
Os celulares dos criminosos são trocados frequentemente e instalados aplicativos tradicionais para trocas de mensagens e alguns com mais privacidade, a exemplo do Surespot. Outra atribuição da Sintonia é a de proteger o patrimônio da facção totalmente oriundo de atividades ilegais, como tráfico de drogas. O dinheiro costuma ficar armazenado em imóveis locados exclusivamente para esse fim.
Há vinte anos, um juiz foi assassinado pelo PCC devido à rigidez no tratamento prestado a membros em um presídio do interior paulista. Em 2006, a transferência de presos do PCC ocasionou uma retaliação com onda de violência em São Paulo. Diversos ônibus coletivos da capital paulista foram incendiados em diversos pontos da cidade, além de ataque a forças policiais.Os dias de conflito resultaram em 564 mortes, sendo 505 somente de civis.