“Doei pela primeira vez em abril de 2020 e, na oportunidade, me inscrevi para me tornar doadora de medula óssea também”. Doadora há três anos, a estudante Vitória Bronzati é uma das pessoas que se dedica para mudar a realidade dos bancos de sangue. Há anos o Brasil enfrenta baixa nos estoques dos hemocentros do país e, anualmente, no dia 14 de junho é celebrado o Dia Mundial do Doador de Sangue, para relembrar sobre a importância desse ato de solidariedade.
Em 1960, foi criada uma legislação sobre a temática e desde então os bancos de sangue não atingem o nível ideal. Entretanto, a médica Helena Sabino, da Fundação Pró-Sangue de São Paulo, analisa que as principais razões para esse déficit estão relacionadas ao no problema de falta de cultura de doação no país.
“Pelo fato do Brasil não ter tido no seu próprio território guerras como ocorreu na Europa. Não temos grandes catástrofes como terremotos. Não faz com que o brasileiro chegue a pensar nessas tragédias tão próximas e não veja a necessidade historicamente. E tem muitos mitos que contribuíram para que as pessoas tenham medo de doar sangue, né? O pior deles é que a pessoa acha que pode pegar uma doença doando sangue”, afirma Sabino.
Para que todos os hemocentros brasileiros consigam atingir os estoques para abastecer os serviços de saúde durante o ano, o Brasil precisaria dobrar o número de doadores de sangue. Conforme aponta um levantamento da CBN, com dados do Ministério da Saúde, atualmente cerca de três milhões de doadores fazem parte do cadastro, quantidade equivalente a apenas 1,4% da população do país e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o ideal seria que o índice fique entre um ou três pontos percentuais.
“Papel fundamental’
Vitória tenta mudar a triste realidade brasileira e vê na doação um papel fundamental para a saúde pública. “A doação de sangue tem um papel fundamental no tratamento de pacientes com doenças graves, como anemia, distúrbios de coagulação sanguínea, complicações durante o parto, traumatismos graves, acidentes e certos tipos de câncer”.
Além disso, ela defende que a cultura de doação deve ser criada. Uma vez que “os bancos de sangue e hospitais dependem de doadores regulares para manter um suprimento constante de sangue, mas as pessoas não doam por medo dos mitos espalhados na sociedade”. Sobre os mitos, a estudante conta que tinha medo de realizar esse ato de solidariedade. “Eu sempre quis doar sangue, mas tinha medo por conta do que as pessoas falavam que demorava e dolorido, e foi totalmente o contrário o processo foi completamente indolor e em menos de 10 minutos já tinham colhido uma bolsa”.
Bronzati ressalta ainda a importância de ser constante na doação. “O sangue tem um prazo de validade relativamente curto e a demanda é grande e constante. Doar, a cada 6 meses, além de ser algo bom para o nosso organismo, ajuda outras pessoas e garante que os hospitais tenham sangue disponível quando necessário”, explica.
Segundo Vitória, o sentimento após a doação é de felicidade. “Eu me sinto feliz. É uma coisa rápida e saber que uma bolsa daquela pode salvar até 4 pessoas, me faz entender o real significado de fazer o bem, sem olhar a quem”, diz.