Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 29, pelo instituto Vital Strategies Brasil revelou um aumento de 90% na prevalência de obesidade entres os jovens: em apenas um ano, o indicador saiu de 9% (2022) para 17,1% (2023). O levantamento, realizado em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e Uname, ouviu 9 mil entrevistados de diversas faixas etárias entre 2 de janeiro e 15 de abril.
Entre os indivíduos entrevistados, apenas 36,9% cumprem o tempo recomendado de atividades físicas por semana (mais de 150 minutos), só 33,5% consomem frutas regularmente e 39,2% comem verduras ao menos cinco vezes por semana. Pelo menos 76,1% fazem uso excessivo de telas.
Os jovens que participaram da pesquisa relataram também ter problemas com sono: 42,8% não dormem bem e 47,8% dizem dormir pouco.
“A princípio, achávamos que esses fatores de risco só afetariam a saúde no futuro, mas já estão causando problemas”, aponta a especialista Érika Aquino, da Vital Strategies.
Em relação ao uso de cigarros, 9,4% são fumantes ou ex-fumantes de cigarro tradicional; 15,8% já usaram narguilé e 17,3% já consumiram cigarro eletrônico.
Além disso, cerca de 8,2% dos entrevistados relataram ter hipertensão e 2,2% têm diabetes diagnosticada – nos dois casos, boa parte dos pacientes não fazem uso de medicamentos, apesar da prescrição. Já em relação a problemas mentais, cerca de 14,1% relataram ter depressão e 31,6% ansiedade.
“Urge que se planejem políticas públicas para essa faixa etária. A saúde é algo cumulativo, e esse quadro pode ser catastrófico, caso essa população chegue ao envelhecimento — os dados podem refletir no aumento da mortalidade precoce por doenças crônicas não transmissíveis”, alerta a especialista ao Metrópoles.
O levantamento foi divulgado durante o evento na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Brasília.