Com foco na saúde mental dos estudantes, profissionais da educação e da saúde debateram, na última sexta-feira, 18, em Piracanjuba, os desafios para identificar alunos em situação de sofrimento, como depressão e ansiedade, e organizar um fluxo de cuidado para o atendimento adequado.
É o projeto-piloto Integra Escola-Saúde, do Ministério Público do Estado (MP-GO), do qual a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) é parceira. Também participaram dos debates representantes da Saúde e Educação do município anfitrião e do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems).
A promotora de Justiça e coordenadora da área de saúde do MP-GO, Lucinéia Matos, conta que assim que a escola perceba sinais de comportamento que são indicativos de algum sofrimento psíquico, o relato será encaminhado para a saúde, que fará o acolhimento e acompanhamento do aluno e família, e ainda vai dar apoio à escola sobre atuação para o caso.
“Queremos criar um ambiente escolar acolhedor e saudável. A ideia é monitorar Piracanjuba para construir um fluxo que estará em construção por um tempo e, após ajustes, capacitaremos a rede para expandir para os outros municípios”, explica a promotora.
ATAQUES
A ideia do projeto surgiu após os ataques em escolas do estado. Em abril deste ano, três alunos ficaram feridos, no colégio estadual de Santa Tereza de Goiás, na Região Norte de Goiás. O suspeito de cometer o ataque era um aluno de 13 anos.
Nos primeiros meses do ano, a polícia interceptou, pelo menos, 20 ameaças a escolas. Tudo isso levou o MP-GO a criar o programa de proteção e cuidado na escola, que inclui o Integra Escola-Saúde, para articular e executar ações necessárias para combater um problema que não ocorre de um dia para o outro e, segundo o MP, envolve mais que apenas a segurança pública.
“Uma ação, quando é feita em conjunto, tem um efeito muito maior, porque extrapola o espaço escolar. A educação não é restrita ao ambiente escolar. As famílias, vendo esse movimento, com certeza vão ficar mais calmas e vão permitir que o filho vá para a escola”, pontua Aurora Gonçalves da Silva Araújo, coordenadora regional de Educação de Piracanjuba.
PIRACANJUBA
Município a 88 km de Goiânia, Piracanjuba tem cerca de 25 mil habitantes e registrou 161 ocorrências de todas as naturezas de violências interpessoais e autoprovocadas, de 2019 a 2023. Apenas no ano passado, foram 48 casos. A grande maioria é de violência autoprovocada.
Em todo o estado, no mesmo período, o total de notificações foi de 54,2 mil ocorrências. Proporcionalmente, os números de Piracanjuba são considerados representativos. Por isso, a escolha do município para receber o piloto do Projeto Integra Escola-Saúde.
“Nós temos uma demanda alta de casos apresentada ao Caps (Centros de Atenção Psicossocial) de crianças, após pandemia, que manifestam algum sofrimento, alguma mudança comportamental, por conta desse período que ficou em casa e depois com retorno ao ambiente escolar. Estamos tendo grande demanda do serviço de saúde mental”, relata o secretário municipal de Saúde, Fernando de Paula Dias.
SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES
O projeto foi lançado no dia 18 de agosto, quando foram reunidos representantes de todas as áreas envolvidas no projeto-piloto. A partir de agora, SES-GO vai seguir um cronograma e colaborar com as capacitações para identificação dos problemas dentro do ambiente escolar.
Neste primeiro momento, o projeto será realizado apenas em escolas do município de Piracanjuba, por meio da Coordenação de Cuidado à Saúde das Pessoas em Situação de Violência.