De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 36% dos jovens brasileiros não estudam e estão sem trabalho. São os chamados nem-nem. Na faixa dos 18 aos 24 anos, o Brasil ocupa a segunda colocação mundial na proporção de desocupados, atrás apenas da África do Sul.
E isso também é um reflexo das políticas educacionais dos últimos anos. Enquanto a sociedade civil organizada luta para oferecer programas de aprendizagem que introduzam o jovem no mercado de trabalho, o poder público tenta manter o jovem por mais tempo na escola, sem que ele tenha de vivenciar as realidades do mundo do trabalho.
Tratar o jovem apenas como estatística, ainda mais quando esta é negativa, não é o melhor caminho. Mas os dados conseguem nos mostrar que algo está errado. Um diagnóstico do Ministério do Trabalho e Emprego revelou que 17% dos brasileiros são jovens de 14 a 24 anos, e desses, 5,2 milhões estão desempregados, o que corresponde a 55% das pessoas nessa situação no país.
E quando estratificamos esses números, entramos na seara da desigualdade social. Entre os jovens desocupados, 52% são mulheres e 66% são pretos e pardos. Os nem-nem são 7,1 milhões, sendo que 60% são mulheres, a maioria com filhos pequenos, e 68% são pretos e pardos.
Desigualdade. Uma palavra que não deveria existir quando falamos de educação e inclusão no mercado de trabalho. Em um dos projetos geridos pelo Instituto Promover – Iphac, chamado Centro de Referência das Juventudes (CRJ), esse abismo social fica muito claro. Jovens vivem na extrema pobreza, ou envolvidos no tráfico de drogas em suas comunidades, por não terem sido qualificados para nenhum tipo de trabalho.
Ao conhecer um CRJ, o jovem, no primeiro contato com um curso profissionalizante, se vê valorizado e reconhece que aquilo é uma das coisas que faltavam em suas vidas, oportunidade de ser preparado para o primeiro emprego, para empreender ou mesmo conhecer realidades que a escola, ou a falta dela, não proporcionaram.
Não dá pra manter o discurso de que os jovens são o futuro do país. O jovem precisa de educação inclusiva, que apresente a ele a realidade do mundo aqui fora, do mercado de trabalho que o espera. As empresas, por meio dos programas de aprendizagem, como o Jovem Aprendiz, estão à espera destes talentos escondidos em uma educação tradicional e restritiva, como o Novo Ensino Médio que, felizmente, está em processo de revisão.
E mais do que revisar a forma de ensinar, é preciso realizar uma busca ativa destes jovens que estão abandonados socialmente. Eles precisam de apoio para a transição entre estudo e trabalho, que é muito mais pesada para jovens de baixa renda, além de terem fomentados a aprendizagem e o estágio, como forma de frear a evasão escolar, pois muitos jovens abandonam os estudos para trabalhar.