As autoridades do sul da Índia emitiram um alerta na quarta-feira, 13, após a confirmação do ressurgimento do vírus Nipah. A preocupação central é o estado de Kerala, que implementou um lockdown e fechou escolas e escritórios em pelo menos sete localidades após o registro de cinco casos confirmados e duas mortes. Este é o quarto surto da doença desde 2018.
Conforme declarado pela ministra da Saúde de Kerala, Veena George, um total de 706 pessoas foram submetidas a testes, incluindo 153 profissionais de saúde, para monitorar a propagação do vírus. O chefe do governo estadual, Pinarayi Vijayan, fez um apelo à população, solicitando que evitem aglomerações públicas pelos próximos 10 dias e tornou o uso de máscaras faciais obrigatório. Além disso, ele enfatizou a importância de recorrer aos hospitais apenas em situações de emergência, a fim de conter a disseminação da doença.
Para rastrear a doença e conter sua propagação, especialistas estão coletando amostras de fluidos de morcegos em árvores frutíferas e também excrementos de animais na região de Maruthonkara, uma aldeia em Kerala. Esta área é considerada de alto risco devido à presença do vírus, pois está situada ao lado de uma floresta de 121 hectares que abriga diversas espécies de morcegos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os morcegos da família Pteropodidae são os hospedeiros naturais desse vírus.
Transmissão
Segundo a OMS, o Nipah é um vírus zoonótico, o que significa que ele é transmitido principalmente por meio do contato direto com fluidos ou excrementos de morcegos infectados. No entanto, também foi documentada sua transmissão por meio de alimentos contaminados e pelo contato direto entre pessoas.
Identificado
O vírus Nipah foi inicialmente identificado na Terra em 1999, na Malásia, durante um surto que afetou criadores de suínos. Desde então, não foram registrados novos surtos desse vírus no país. Em contraste, em 2001, o vírus foi identificado em Bangladesh, onde surtos quase anuais têm ocorrido desde então.
Em 2018, a Índia relatou seu primeiro e mais grave surto de Nipah, no qual 17 dos 18 casos confirmados resultaram em óbitos. Em 2019, um caso foi relatado no distrito de Ernakulam, mas o paciente se recuperou. No entanto, em 2021, um menino de 12 anos veio a óbito devido ao vírus.
Sintomas e diagnóstico
Quando o vírus entra em contato com seres humanos, ele tende a afetar principalmente o sistema respiratório e o sistema nervoso central. A infecção pode ser assintomática em alguns casos, mas também pode resultar em sérias complicações, como doença respiratória aguda e encefalite fatal.
Inicialmente, os sintomas podem incluir febre, dor de cabeça, dor muscular, vômitos e dor de garganta. Posteriormente, esses sintomas podem evoluir para tontura, sonolência, alteração da consciência e sinais neurológicos que indicam encefalite aguda. Além disso, algumas pessoas também podem desenvolver pneumonia.
Quando a infecção pelo vírus progride rapidamente, há risco de coma e morte. Em casos graves, mesmo os sobreviventes podem enfrentar efeitos neurológicos de longo prazo.
O período de incubação, que é o intervalo entre a infecção e o início dos sintomas, pode variar de quatro a 14 dias, embora tenham sido relatados casos com período de incubação de até 45 dias.
Os principais métodos de teste utilizados para detectar a doença incluem a reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR) em fluidos corporais e a detecção de anticorpos por meio de ensaio imunoenzimático (ELISA).
Tratamento
A taxa de mortalidade entre aqueles que contraem o vírus é elevada, chegando a 75%, visto que não existe atualmente nenhum medicamento ou vacina disponível para tratar a infecção.
Consequentemente, o tratamento se restringe ao controle dos sintomas e à prestação de cuidados de suporte.
A OMS alerta que, embora o vírus tenha causado apenas alguns surtos documentados na Ásia, ele é capaz de infectar uma ampla variedade de animais e pode resultar em sintomas graves e até mesmo morte em seres humanos, o que o torna uma preocupação significativa em termos de saúde pública.
Mais letal que o coronavírus?
Segundo a OMS, a taxa de mortalidade do vírus Nipah é consideravelmente alta, tornando-o mais letal do que o vírus da COVID-19, que apresenta uma taxa de mortalidade que varia entre 0,1% e 19%, dependendo do país.
No entanto, é importante destacar que, embora a probabilidade de óbito após a infecção pelo Nipah seja elevada, este vírus é muito menos contagioso do que o coronavírus.
Prevenção
Como não existem medicamentos ou vacinas disponíveis para tratar a infecção, algumas medidas preventivas incluem a limpeza e desinfecção dos ambientes onde os animais vivem, a prevenção do contato físico desprotegido com pessoas infectadas e a prática frequente de lavagem das mãos.