Um estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), com base em dados de 2022, revelou que apenas 42% do cerrado brasileiro possui vegetação nativa. A pesquisa funciona como um alerta para o ecossistema, que cobre cerca de 23% do território nacional, e foi divulgada no Dia Nacional do Cerrado.
Segundo dados, 73% das terras do bioma estão em áreas privadas e 85% dos desmatamentos ocorreram em propriedades rurais, que exploram a fauna do ecossistema. Já a maioria das áreas públicas está em áreas pertencentes a territórios quilombolas, que em 1985 possuía cerca de 16% do cerrado desmatado. Essa taxa registrou uma alta de 6 pontos percentuais nos últimos 40 anos.
Desmatamento cresce no Cerrado
Em uma pesquisa da Nature Sustainability, revista científica sobre natureza, o desmatamento no cerrado registrou 16,5% entre os meses de agosto de 2022 a julho de 2023, alcançando cerca de 6.300 km² do território destruído. Este é considerado o pior resultado desde o início do cálculo realizado pelo sistema, entre 2017 e 2018.
Dos alertas, a maior parte se encontra em munícipios de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Desses, foram registrados quase 75% do desmatamento.
“É reflexo. Há menos ações para coibir o desmatamento no Cerrado do que na Amazônia, por exemplo, ao passo que atividades derivadas dessa conversão dão lucro. Contudo, suas funções ambiental, econômica e social interessam, igualmente, ao planeta. O próprio acordo Mercosul-União Europeia tem entraves relacionados à sustentabilidade na cadeia de produção agropecuária, mas ainda negligencia o Cerrado. É necessário e vantajoso priorizá-lo nas discussões diplomáticas”, diz o responsável pela pesquisa, Michel Eustáquio Dantas Chaves, em uma carta aberta.
Em 2022, a derrubada da vegetação no Cerrado já havia sido 25% maior do que no ano anterior, chegando a 10.689 km². Esse valor é quase o total do desmatamento no mesmo período na Amazônia (11.568 km²), que abrange um território duas vezes maior.