Fila de espera e morte de pacientes por falta de UTI será investigada pela Polícia Civil

Patrícia Santana

Integrantes da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Saúde oficializam denúncia sobre morte de pacientes do SUS por falta de UTI e garantem que clínicas e hospitais credenciados à Prefeitura fazem “seleção” de pacientes para liberar vagas. O relator da Comissão, vereador Elias Vaz (PSB) e os vereadores Eduardo Prado (PV) e Felisberto Tavares (PR), entregaram ao delegado titular da Delegacia de Homicídios, Thiago Damasceno, relatório de vagas e ocupação diária de tratamento intensivo na rede credenciada à Secretaria Municipal de Saúde. “O relatório comprova que não falta UTI em Goiânia. Em 2016, havia 89 leitos desocupados e 172 desocupados. Em 2017 eram 128 desocupados e 169 ocupados”, afirmou Elias.

Sem entrar no mérito da investigação, o delegado afirma que o relatório apresenta fatos graves a respeito de vagas ociosas e fila de espera. “As informações trazidas pelos vereadores se referem a fatos graves que envolve a saúde pública de Goiânia. A representação dos parlamentares será repassada à superintendência da Polícia Civil para definir qual delegacia irá investigar o caso. Os fatos narrados merecem ser apurados porque são graves”, disse Thiago.

Para o relator da Comissão não há dúvidas de que a rede credenciada seleciona pacientes visando lucro. “Pacientes cujo tratamento é mais caro não conseguem vaga. Isso tem acontecido principalmente com idosos e pacientes graves. É uma fila criminosa de pessoas que aguardam vagas, mesmo havendo leitos disponíveis. Está claro que há uma seleção de pacientes e a Secretaria Municipal de Saúde é omissa. Acabamos de entrar no sistema e mostrar ao delegado que neste momento, há mais de 100 leitos ociosos, enquanto a fila de espera por UTI é de 83 pacientes” afirma o vereador.

Relatório

O relatório da CEI consta a relação de 475 pacientes que morreram em unidades de saúde no ano passado, de acordo com dados da prefeitura. “Certamente muitos desses pacientes teriam uma chance se tivessem acesso a uma vaga de UTI”, comentou Elias. Além disso, cópias de reportagens de TV que relatam a morte de pacientes que aguardavam por leitos foram anexadas à representação entregue ao delegado. “Entendemos isso como caso de polícia, porque essas pessoas estão assumindo a responsabilidade de provocar a morte. Certamente configura homicídio, e isso extrapola as investigações político-administrativas, e devem ser tratadas como atitude criminosa”, finalizou o relator.

Atualizado, às 10:44:

Em nota, a Polícia Civil esclareceu:

As investigações, a priori, serão conduzidas pela Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH) e Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap), que irão analisar os documentos e relatórios apresentados pelos parlamentares, assim como buscar novos elementos probatórios, a fim de, posteriormente, dar o devido direcionamento investigativo. Por enquanto, os delegados não mais se manifestarão a respeito, até que novas informações, as quais não atrapalhem o andamento das investigações, possam ser repassadas à imprensa.

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Pesquisa aponta que 49% dos brasileiros acreditam em melhorias no país em 2025

Um levantamento realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revelou que 49% dos brasileiros acreditam que o país terá melhorias em 2025. O índice permanece estável em relação à pesquisa de outubro, mas registra uma queda de 10 pontos percentuais comparado a dezembro de 2023, quando o otimismo atingiu 59%.

A percepção de piora aumentou entre os entrevistados: 28% acreditam que o Brasil irá piorar em 2025, uma alta de cinco pontos em relação a outubro (23%) e de 11 pontos frente a dezembro do ano anterior (17%).

O levantamento, divulgado nesta quinta-feira, 26, foi realizado pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) entre os dias 5 e 9 de dezembro, com 2 mil participantes de todas as regiões do país.

Sobre o desempenho do Brasil em 2024, 66% dos entrevistados afirmaram que o país melhorou (40%) ou permaneceu igual (26%) em comparação a 2023. No entanto, essa soma representa uma queda de 13 pontos em relação a dezembro de 2023, quando 79% acreditavam que o cenário havia melhorado (49%) ou permanecido estável (30%).

A percepção de piora em 2024 alcançou 32% em dezembro, marcando um aumento significativo em relação aos 20% registrados no mesmo período do ano anterior.

Para Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe, os resultados refletem um equilíbrio entre otimismo e cautela. “O ano teve aspectos positivos, como o aumento do emprego, mas foi marcado por fatores adversos, como seca, queimadas e notícias sobre alta da Selic, juros e inflação”, explicou Lavareda.

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