Israel corta abastecimento de energia elétrica para Faixa de Gaza

As autoridades israelenses cortaram o abastecimento de energia elétrica para a Faixa de Gaza. Além disso, desde sábado, 07, quando o conflito entre Israel e Hamas culminou, as agências da Organização das Nações Unidas (ONU) responsáveis por fornecer suprimentos básicos para Gaza, se viram obrigadas a suspender a distribuição de alimentos, água e o serviço de coleta de lixo.

A ação fez com que mais de 40 escolas fechassem as portas e ao menos 20 mil pessoas tenham que buscar abrigo em instalações da ONU. Em 2023, a entidade pediu auxílio em US$ 344 milhões para socorrer palestinos, recebendo um valor 20% inferior ao solicitado.

Entretanto, a guerra não gerou a pobreza em Gaza, mas intensificou significativamente. O território vive uma situação crítica de pobreza e fome. No período de 16 anos, desde o bloqueio de Israel, quatro conflitos atingiram Gaza e muitos grupos palestinos acusavam o país israelense de transformar a região em uma prisão.

Com isso, a diplomacia internacional teme que a população de Gaza seja o principal alvo na guerra. O coordenador da ONU para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, afirmou que a ameaça está sobre a população civil e que é um “precipício perigoso”. A autoridade apela “para que todos deem um passo para longe do abismo”.

Pobreza

Conforme levantamentos da ONU, a pobreza na comunidade de refugiados palestinos, que são a maior porcentagem da população de Gaza, está em 81,5%. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita do território é quatro vezes menor que de países vizinhos. “Essa terrível situação foi agravada por repetidos ciclos de hostilidades, tensões e violências exacerbadas, instabilidade política e pandemia da Covid-19”, afirmou a agência humanitária da Organização.

Segundo a agência, os fatores somados desestabilizaram a vida da população e das comunidades, aumentando as dificuldades. “Tendo testemunhado mortes, ferimentos e danos ou perda de propriedade causados por quatro grandes rodadas de violência nos últimos 16 anos, muitos habitantes de Gaza – especialmente crianças, apresentaram sinais de trauma”, relatou.

O alerta para a pobreza na Gaza foi emitido pela ONU antes da guerra, uma vez que 80% da população dependia de assistência humanitária para sobreviver. Sobre os refugiados palestinos, 1,1 milhão recebem assistência alimentar da agência da ONU focada nesses indivíduos, um aumento de 1.324% em comparação a 2000.

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Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, nesta quinta-feira, 21, mandados de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
 
Os mandados foram expedidos após o procurador do TPI, Karim Khan, ter solicitado a prisão deles em maio, citando crimes relacionados aos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e à resposta militar israelense em Gaza. O TPI afirmou ter encontrado “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant têm responsabilidade criminal por crimes de guerra, incluindo a “fome como método de guerra” e os “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.
 
Netanyahu e Gallant são acusados de terem privado intencionalmente a população civil de Gaza de bens essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, medicamentos, combustível e eletricidade, entre outubro de 2023 e maio de 2024. Essas ações resultaram em consequências graves, incluindo a morte de civis, especialmente crianças, devido à desnutrição e desidratação.
 
Mohammed Deif, líder militar do Hamas, também foi alvo de um mandado de prisão. O TPI encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Deif é responsável por “crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, extermínio, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, bem como crimes de guerra de assassinato, tratamento cruel, tortura, tomada de reféns, ultrajes à dignidade pessoal, estupro e outras formas de violência sexual”.
 
Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI, incluindo o Brasil, o que significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.
O governo israelense rejeitou a decisão do TPI, questionando a jurisdição do tribunal sobre o caso. No entanto, os juízes rejeitaram o recurso por unanimidade e emitiram os mandados. O gabinete de Netanyahu classificou a sentença de “antissemita” e “mentiras absurdas”, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, a chamou de “uma recompensa ao terrorismo”. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também criticou a decisão, considerando-a uma “vergonha” para o TPI.
O conflito na Faixa de Gaza, que se arrasta há mais de um ano, deixou milhares de mortos e devastou a região. A decisão do TPI simboliza um avanço na responsabilização por crimes graves, embora sua eficácia prática seja limitada, dado que Israel e os Estados Unidos não são membros do TPI e não reconhecem sua jurisdição.

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