Mais de 1,7 mil brasileiros pedem apoio ao governo para deixar Israel

Mais de 1,7 mil brasileiros pedem apoio ao governo para deixar Israel

Ao menos 1.744 brasileiros – sendo a maioria turistas – pediram ajuda ao governo brasileiro para deixar Israel. O país vem sofrendo com ataques do grupo islâmico Hamas desde o último sábado, 7, e declarou situação de guerra em todo o país.

Segundo o Itamaraty, três cidadãos brasileiros estão desaparecidos desde o começo dos ataques. A Embaixada do Brasil no país asiático tem mantido contato com familiares, amigos e autoridades locais a fim de compartilhar notícias dos brasileiros que moram em Israel.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que uma reunião do Conselho de Segurança foi convocada em caráter de emergência para discutir os últimos acontecimentos do conflito israelo-palestino. O órgão ainda prestou condolências aos mortos e condenou os ataques contra civis.

“O governo brasileiro reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com um Estado Palestino economicamente viável, convivendo em paz e segurança com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas”, disse o órgão em nota.

Nesta terça-feira, 10, a Força Aérea Brasileira (FAB) irá enviar o primeiro avião para operação de resgate. A aeronave deve trazer o primeiro grupo e continuar a viagem por, pelo menos, mais de 15 voos nos próximos dias.

Os primeiros brasileiros incluídos nas listas de repartição serão contatados por telefone e os pontos de encontros serão determinados nas cidades de Tel Aviv e Jerusalém. O grupo será transportado de ônibus organizado pela embaixada até o local de decolagem do avião.

Ataque em Rave

A maioria dos brasileiros desaparecidos e feridos na Guerra em Israel estavam em uma festa rave em território israelense, perto da divisa da Faixa de Gaza. O evento era uma edição local do Universo Paralello, criado em Goiás pela família do DJ Alok.

“Cara, eu juro que essa situação não tem como inventar. No meio da rave, a gente parou num bunker, começou uma guerra em Israel, pelo menos a gente tá num bunker agora, seguro. Vamos esperar dar uma baixada nisso, mas, cara, foi cena de filme agora, gente correndo, quilômetros, para achar um lugar pra se esconder, velho”, disse um dos brasileiros em vídeo publicado nas redes sociais.

Familiares dos brasileiros desaparecidos foram orientados por autoridades de Israel a se dirigirem para alguma delegacia de polícia do país para colher amostras de DNA, por causa da quantidade de vítimas encontradas no local da rave. Ao menos 260 corpos foram encontrados na área onde o festival acontecia, que fica localizado no distrito sul do país.

Israel x Hamas

Os conflitos entre o país israelitas e o grupo islâmico da Palestina começaram no último sábado, 7, após Hamas lançar foguetes contra cidades de Israel localizadas na Faixa do Gaza. As invasões ocorreram também entre terra, ar e mar, e foi preciso declarar estado de guerra no país devido aos ataques e sequestros de israelenses, levados como reféns para Gaza.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 123 mil pessoas foram internamente deslocadas dentro da Faixa de Gaza e algumas regiões registraram escassez de alimentos. As últimas informações apontam que ao menos 1.120 pessoas morreram, e outras milhares ficaram feridas.

Os conflitos na região existem há décadas e já resultou em milhares de mortes. A disputa ocorre desde 1948, quando Israel foi reconhecido como um Estado e os Hamas passaram a disputar parte do território na região. Diversos acordos que estabelecem a paz na região tentaram ser realizado, mas nenhum deles teve sucesso.

A maioria das disputas ocorrem na Faixa do Gaza, um território palestino localizando em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito e banhado pelo Mar Mediterrâneo. A região é liderada pelo Hamas desde 2007, sendo marcada pela pobreza e superlotação. São mais de 2 milhões de habitantes morando em um território de 41 km de comprimento e 10 km de largura.

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Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, nesta quinta-feira, 21, mandados de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
 
Os mandados foram expedidos após o procurador do TPI, Karim Khan, ter solicitado a prisão deles em maio, citando crimes relacionados aos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e à resposta militar israelense em Gaza. O TPI afirmou ter encontrado “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant têm responsabilidade criminal por crimes de guerra, incluindo a “fome como método de guerra” e os “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.
 
Netanyahu e Gallant são acusados de terem privado intencionalmente a população civil de Gaza de bens essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, medicamentos, combustível e eletricidade, entre outubro de 2023 e maio de 2024. Essas ações resultaram em consequências graves, incluindo a morte de civis, especialmente crianças, devido à desnutrição e desidratação.
 
Mohammed Deif, líder militar do Hamas, também foi alvo de um mandado de prisão. O TPI encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Deif é responsável por “crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, extermínio, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, bem como crimes de guerra de assassinato, tratamento cruel, tortura, tomada de reféns, ultrajes à dignidade pessoal, estupro e outras formas de violência sexual”.
 
Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI, incluindo o Brasil, o que significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.
O governo israelense rejeitou a decisão do TPI, questionando a jurisdição do tribunal sobre o caso. No entanto, os juízes rejeitaram o recurso por unanimidade e emitiram os mandados. O gabinete de Netanyahu classificou a sentença de “antissemita” e “mentiras absurdas”, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, a chamou de “uma recompensa ao terrorismo”. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também criticou a decisão, considerando-a uma “vergonha” para o TPI.
O conflito na Faixa de Gaza, que se arrasta há mais de um ano, deixou milhares de mortos e devastou a região. A decisão do TPI simboliza um avanço na responsabilização por crimes graves, embora sua eficácia prática seja limitada, dado que Israel e os Estados Unidos não são membros do TPI e não reconhecem sua jurisdição.

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