Brasileiro que estava em rave relata que foi perseguido pelo grupo Hamas

Um brasileiro que estava no festival de música eletrônica, Universo Paralello, que foi atacado pelo grupo Hamas, próximo da fronteira sul com a faixa de Gaza, teve o carro atacado por tiros e bombas ao tentar fugir do local.

Rafael Birman informou que, após uma tentativa de fuga da região em um carro, parou próximo de uma das entradas da faixa de Gaza com quatro amigos. Na ocasião, eles foram atacados a tiros por integrantes do Hamas e tiveram uma bomba explodida ao seu lado. O brasileiro não ficou ferido, mas perdeu a audição por alguns minutos.

Ainda de acordo com Birman, ele conheceu os dois brasileiros que estão desaparecidos e também estavam pela região. De acordo com o jovem, há relatos de que um poderia estar em um hospital e outro poderia ter sido sequestrado. Mesmo assim, as informações ainda não foram confirmadas oficialmente pelo Itamaraty.

Birman relatou momentos de grande tensão durante a tentativa de fuga. Ele descreveu ainda que, ao tentar escapar de carro, foram interceptados por soldados israelenses, que os direcionaram para outra região. Nesse novo local, acabaram se aproximando de uma das entradas da Faixa de Gaza. Após serem atacados, fizeram uma tentativa desesperada de fuga, e o brasileiro chegou a enviar um áudio para sua mãe, temendo pela própria vida.

Junto dos amigos, o brasileiro chegou a encontrar um bunker, mas já estava lotado, então eles tiveram que permanecer ali por aproximadamente 40 minutos. Durante esse período, viram carros destruídos, alguns em chamas, e muitos corpos nas proximidades. Algumas horas depois, conseguiram encontrar abrigo temporário antes de retomar em direção à cidade de Tel Aviv.

Devido aos momentos aterrorizantes que vivenciaram, Rafael Birman, que mora com a família, compartilha que todos estão tomados pelo medo e considerando a possibilidade de retornar ao Brasil. Ele destaca que já tinha presenciado algumas situações delicadas, como explosões no céu, mas nada se compara ao que vivenciou agora. “Infelizmente, esse tipo de evento é recorrente nesta região”, concluiu.

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Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, nesta quinta-feira, 21, mandados de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
 
Os mandados foram expedidos após o procurador do TPI, Karim Khan, ter solicitado a prisão deles em maio, citando crimes relacionados aos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e à resposta militar israelense em Gaza. O TPI afirmou ter encontrado “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant têm responsabilidade criminal por crimes de guerra, incluindo a “fome como método de guerra” e os “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.
 
Netanyahu e Gallant são acusados de terem privado intencionalmente a população civil de Gaza de bens essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, medicamentos, combustível e eletricidade, entre outubro de 2023 e maio de 2024. Essas ações resultaram em consequências graves, incluindo a morte de civis, especialmente crianças, devido à desnutrição e desidratação.
 
Mohammed Deif, líder militar do Hamas, também foi alvo de um mandado de prisão. O TPI encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Deif é responsável por “crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, extermínio, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, bem como crimes de guerra de assassinato, tratamento cruel, tortura, tomada de reféns, ultrajes à dignidade pessoal, estupro e outras formas de violência sexual”.
 
Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI, incluindo o Brasil, o que significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.
O governo israelense rejeitou a decisão do TPI, questionando a jurisdição do tribunal sobre o caso. No entanto, os juízes rejeitaram o recurso por unanimidade e emitiram os mandados. O gabinete de Netanyahu classificou a sentença de “antissemita” e “mentiras absurdas”, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, a chamou de “uma recompensa ao terrorismo”. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também criticou a decisão, considerando-a uma “vergonha” para o TPI.
O conflito na Faixa de Gaza, que se arrasta há mais de um ano, deixou milhares de mortos e devastou a região. A decisão do TPI simboliza um avanço na responsabilização por crimes graves, embora sua eficácia prática seja limitada, dado que Israel e os Estados Unidos não são membros do TPI e não reconhecem sua jurisdição.

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