Relatos do drama em Israel: “Fiquei no abrigo com meu bebê de uma semana”

Israel enfrenta um cenário de pânico à medida que militantes palestinos do Hamas realizam um ataque surpresa, deixando muitos israelenses aterrorizados e enclausurados em suas próprias casas. O ataque, que começou no sábado,7, resultou em testemunhos comoventes de pessoas que vivenciaram momentos de extrema tensão.

Muitos israelenses entraram em contato com meios de comunicação locais, relatando ouvir tiros e permanecerem escondidos, enquanto outros desesperadamente buscam por seus entes queridos. Ayelet Hachim, residente na cidade de Kibbutz Be’eri, próxima à Faixa de Gaza, descreveu: “Os terroristas tentaram entrar na minha casa. Ouvi suas vozes, eles bateram na porta. Eu estava com meus dois filhos pequenos.”

As experiências traumáticas dos israelenses são evidentes nos relatos das pessoas afetadas. Uma moradora da comunidade Nirim, perto da Faixa de Gaza, relatou: “Fiquei no abrigo com meu bebê de uma semana por mais de duas horas, enquanto minha casa estava em chamas.”

Apesar das instruções do governo para que os civis próximos à fronteira se refugiem em abrigos, os moradores de Be’eri afirmaram que militantes palestinos tentaram invadir suas casas e abrigos. Em meio ao caos, Ella, uma moradora de 23 anos, ouviu dizer que “os terroristas estavam no abrigo” enquanto ouvia rajadas de tiros.

Este drama se desenrola em meio a um ataque sem precedentes do grupo armado Hamas, que lançou milhares de foguetes da Faixa de Gaza, atingindo cidades distantes como Tel Aviv e Jerusalém. Israel, em resposta, realizou uma série de ataques aéreos na Faixa de Gaza.

O ex-primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel estava “em guerra” e prometeu que o grupo Hamas “pagaria um preço como nunca antes”. No entanto, centenas de pessoas já perderam a vida em Israel, e residentes foram feitos reféns, enquanto os ataques israelenses contra Gaza resultaram em centenas de mortos e quase 1.000 feridos, de acordo com autoridades palestinas.

Nas redes sociais, residentes apelaram por ajuda desesperadamente. Ella Mor escreveu: “Urgente, urgente, por favor, ajudem a levar isso para a mídia.” Outros compartilharam histórias de terror, incluindo casos de sequestro e tiroteios.

Em um momento de profundo medo e incerteza, os israelenses permanecem trancados em suas casas, esperando que a situação se acalme, enquanto o mundo observa o desenrolar deste conflito devastador.

Israel x Hamas

Os conflitos entre o país israelita e o grupo islâmico da Palestina começaram no último sábado, 7, após o Hamas lançar foguetes contra cidades de Israel localizadas na Faixa do Gaza. As invasões ocorreram também entre terra, ar e mar, e foi preciso declarar estado de guerra no país devido aos ataques e sequestros de israelenses, levados como reféns para Gaza.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 123 mil pessoas foram internamente deslocadas dentro da Faixa de Gaza e algumas regiões registraram escassez de alimentos. As últimas informações apontam que ao menos 1.120 pessoas morreram, e outras milhares ficaram feridas.

Os conflitos na região existem há décadas e já resultaram em milhares de mortes. A disputa ocorre desde 1948, quando Israel foi reconhecido como um Estado e o Hamas passou a disputar parte do território na região. Diversos acordos que estabelecem a paz na região tentaram ser realizados, mas nenhum deles teve sucesso.

A maioria das disputas ocorrem na Faixa de Gaza, um território palestino localizando em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito e banhado pelo Mar Mediterrâneo. A região é liderada pelo Hamas desde 2007, sendo marcada pela pobreza e superlotação. São mais de 2 milhões de habitantes morando em um território de 41 km de comprimento e 10 km de largura.

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Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, nesta quinta-feira, 21, mandados de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
 
Os mandados foram expedidos após o procurador do TPI, Karim Khan, ter solicitado a prisão deles em maio, citando crimes relacionados aos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e à resposta militar israelense em Gaza. O TPI afirmou ter encontrado “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant têm responsabilidade criminal por crimes de guerra, incluindo a “fome como método de guerra” e os “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.
 
Netanyahu e Gallant são acusados de terem privado intencionalmente a população civil de Gaza de bens essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, medicamentos, combustível e eletricidade, entre outubro de 2023 e maio de 2024. Essas ações resultaram em consequências graves, incluindo a morte de civis, especialmente crianças, devido à desnutrição e desidratação.
 
Mohammed Deif, líder militar do Hamas, também foi alvo de um mandado de prisão. O TPI encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Deif é responsável por “crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, extermínio, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, bem como crimes de guerra de assassinato, tratamento cruel, tortura, tomada de reféns, ultrajes à dignidade pessoal, estupro e outras formas de violência sexual”.
 
Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI, incluindo o Brasil, o que significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.
O governo israelense rejeitou a decisão do TPI, questionando a jurisdição do tribunal sobre o caso. No entanto, os juízes rejeitaram o recurso por unanimidade e emitiram os mandados. O gabinete de Netanyahu classificou a sentença de “antissemita” e “mentiras absurdas”, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, a chamou de “uma recompensa ao terrorismo”. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também criticou a decisão, considerando-a uma “vergonha” para o TPI.
O conflito na Faixa de Gaza, que se arrasta há mais de um ano, deixou milhares de mortos e devastou a região. A decisão do TPI simboliza um avanço na responsabilização por crimes graves, embora sua eficácia prática seja limitada, dado que Israel e os Estados Unidos não são membros do TPI e não reconhecem sua jurisdição.

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