Neste domingo, 5, o artista goiano Wolney Fernandes foi citado na prova de ciências humanas, linguagens e redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), elaborada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) . O artista, que trabalha com colagens há dez anos, foi citado em uma questão que relaciona as artes visuais com o uso das redes sociais na internet como forma de ampliar universos.
Nascido em Lagolândia, pequeno povoado perto de Pirenópolis, Wolney veio para Goiânia no ano de 1997 para fazer a graduação de Artes Visuais na Universidade Federal de Goiás (UFG). Sua escolha pelo curso se deve ao fato de que, desde muito novo, tinha o desejo de ser artista. Desde sua formação, já experimentou linguagens bidimensionais como o desenho, a fotografia e a colagem.
“O fazer artístico sempre me acompanhou neste período, mas eu produzia muito pra mim mesmo sem colocar minha arte para circular. Foi a partir de 2013 que eu decidi mudar isso e procurei uma galeria para me representar e comercializar meu trabalho”, declara.
A escolha pela colagem se dá pela possibilidade de misturar várias temporalidades e estilos. Segundo Wolney, cada pedaço encontrado em revistas e livros permite formar uma constelação de possibilidades criativas.
“Me encanta a prática de dar um novo significado a imagens que foram criadas para um contexto diferente. As colagens também me abrem um espaço para reconfigurar minhas memórias de infância e minha relação com o mundo, com a religião e outros aspectos importantes da minha vida”, afirma.
As memórias de infância têm muita influência no trabalho de Wolney, pois o gosto pelo recorte e pela colagem remonta de quando, ainda menino, brincava com álbuns de figurinha com recortes de revistas de moda de sua mãe.
“Em 2013, quando decidi colocar minha produção para circular, escolhi a colagem porque era a linguagem que me interessava investigar naquele período. Dez anos depois, acho que ainda há muito a explorar com a colagem. Em 2016, quando terminei o doutorado, eu entendi que a colagem também me possibilita a construção de uma metodologia criativa que poderia ser aplicada em outras áreas da minha vida profissional, como o ofício de ser professor”, explica o artista, que também é professor na UFG.
Quanto à citação de seu nome e de seu trabalho na questão do ENEM, Wolney afirma que não vislumbra muita diferença em razão de seu nome estar na prova e que seus interesses criativos permanecem os mesmos de antes, mas que ficou honrado com a citação. “Fiquei extremamente honrado quando soube da citação e recebi o carinho de muita gente ao meu redor. Penso que este reconhecimento que a citação do ENEM proporcionou foi o que de mais legal aconteceu desde que soube da notícia”, declara.