O velório da vereadora Marielle Franco, do PSOL, levou milhares de pessoas para a frente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro ontem. A executiva regional do partido em Goiás realizou vigília, na Praça Universitária, em Goiânia. Os participantes usaram velas e faixas num gesto simbólico, em repúdio ao que chamam de ataque à democracia, a liberdade de expressão ao direito de criticar as instituições e os atos do governo.
Vários protestos foram marcados para outras capitais do país. A vereadora e o motorista dela, Anderson Pedro Gomes foram executados a tiros dentro do carro dela, na noite de quarta-feira, na região central do Rio. Uma assessora da vereadora ficou ferida na ação, atingida por estilhaços. A suspeita é de que o crime tenha motivação política, já que Marielle havia criticado as ações da polícia e a intervenção federal no Rio de Janeiro.
Um dos pré-candidatos do PSOL ao governo de Goiás, Fabrício Rosa afirma que há suspeitas que a execução possa estar relacionada ao fato da vereadora ter sido nomeada, na semana passada, relatora da comissão na Câmara para apurar casos de tortura e corrupção dentro da polícia. O partido cobra por justiça. “Nós queremos investigação para descobrir a autoria e o mandante do ato covarde que pegou a vereadora numa emboscada sem direito de defesa”, lamentou.
Ativista negra, Marielle foi a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro e entrou para a política com militância na luta em defesa dos direitos humanos e contra as ações violentas nas favelas. Por onde passava gosta de ressaltar a frase “Lugar de mulher é onde ele quiser”.
Repercussão internacional
A morte da vereadora no Rio foi notícia nos principais jornais do mundo. Uma homenagem (protesto) foi feito pelo parlamento europeu na sessão de ontem. A representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, falou à imprensa sobre “como pretende a União Europeia influenciar as autoridades brasileiras para que este chocante assassínio seja investigado até às últimas consequências”, e “para que seja garantida a segurança das populações e dos ativistas que pugnam pelos direitos humanos das mesmas”.