Possível fraude coloca processo seletivo da Casa de Eurípedes sob suspeita

Uma suspeita de fraude e favorecimento colocou sob suspeita o processo seletivo de residência médica para o programa de Psiquiatria no Hospital Espírita Eurípedes Barsanulfo, conhecido como Casa de Eurípedes (CEU), em Goiânia.

O fato chegou ao conhecimento do Ministério Público de Goiás (MPGO) nesta quarta-feira, 24, por meio de uma denúncia encaminhada ao órgão. O MP deverá abrir investigação para esclarecer a veracidade das acusações.

Segundo o texto da denúncia, os cinco primeiros colocados mantinham ou mantêm relações profissionais com a instituição e com membros da Comissão de Residência Médica (COREME/CEU).

Na data de hoje, a Casa de Eurípedes divulgou o resultado preliminar da primeira fase da seleção 2024/1 em sua página na internet. A lista também foi divulgada no site da Comissão Nacional de Residência Médica em Goiás (Cerem-GO).

VEJA LISTA COM APROVADOS

A denúncia chama atenção para a discrepância entre as notas dos primeiros colocados, supostamente favorecidos, e os demais. O sexto colocado obteve 68 pontos (75,5% de acerto) – dez a menos que o quinto colocado. “Ressalte-se vinham de longo período de preparação e estudos para a realização de diversas provas de residência”, diz a denúncia.

Dos primeiros colocados, dois trabalham na unidade, enquanto outros dois seriam ex-plantonistas da instituição. Segundo as regras do processo seletivo, serão convocados para a segunda fase todos os candidatos que atingiram o percentual mínimo de 60% de acertos na Primeira Fase.

Intimidade

Ainda segundo o texto da denúncia encaminhada ao MP, durante a realização das provas, no último domingo, 21, esses mesmos candidatos teriam recebido tratamento diferenciado. “Foi possível presenciar os funcionários de diversas áreas da instituição se dirigindo a esses médicos com intimidade, e desejando boa sorte na realização das provas”, segundo o documento.

A seleção é referente ao Edital publicado em 28 de dezembro de 2023, prevendo inicialmente uma vaga, com inscrições entre 12/01/2024 e 17/01/2024. Logo no início das inscrições, um edital complementar, sem data específica, aumentou as vagas para 6.

A mudança sem aviso prévio teria feito com que a quantidade de inscritos caísse de forma substancial em comparação com os demais processos seletivos que ocorreram no final do ano de 2023. Muitos candidatos teriam deixado de fazer a inscrição devido ao número limitado de vagas (APENAS UMA VAGA inicialmente).

Resposta

O Diário do Estado (DE) entrou em contato com Casa de Eurípedes, para que se pronunciasse a respeito das possíveis irregularidades. Pelo telefone, o secretário da comissão (COREME), Wesley Alves, afirma que a instituição não foi notificada da denúncia junto ao MP e que não está a par de nenhuma reclamação desta natureza.

Com relação ao possível favorecimento de candidatos, julgou todas as acusações improcedentes e frisou que o edital não impede que ex-colaboradores participem da seleção para residência médica. “Tendo os critérios para um processo seletivo desta amplitude, a lei de residência médica não proíbe quem quer seja de fazer a prova”, alegou.

Wesley reiterou ainda que o processo seletivo encontra-se dentro do prazo recursal. “Quem se sentir lesado, deve entrar com recurso, inclusive junto ao Cerem-GO, que é um órgão maior, do Estado e vinculado à Casa de Eurípedes”.

De acordo com o item 4.1.1.16 do edital, o recurso contra o gabarito oficial da prova objetiva somente poderá ser interposto presencialmente pelo próprio candidato no período de 25 a 26 de janeiro de 2024, das 9h00 às 16h00 na sede da COREME/CEU.

Fundada em 1973, a Casa de Eurípedes é instituição de natureza jurídica filantrópica. Está localizada no setor Rio Formoso e é referência em atendimento ambulatorial e emergência psiquiátrica, dependência química e saúde mental.

 

 

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MP do TCU pede suspensão de salários de Bolsonaro e outros militares

O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, pediu na última sexta-feira, 22, a suspensão do pagamento dos salários de 25 militares ativos e da reserva do Exército que foram indiciados pela Polícia Federal (PF) por tentativa de golpe de Estado.
 
Entre os militares citados, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, um capitão reformado que recebe um salário bruto de R$ 12,3 mil, o general da reserva Augusto Heleno, com um salário de R$ 36,5 mil brutos, o tenente-coronel Mauro Cid, que ganha R$ 27 mil, e o general da reserva Braga Netto, com um salário de R$ 35,2 mil.
 
Lucas Furtado argumentou que o custo dos salários desses militares é de R$ 8,8 milhões por ano. “A se permitir essa situação – a continuidade do pagamento da remuneração a esses indivíduos – o Estado está despendendo recursos públicos com a remuneração de agentes que tramaram a destruição desse próprio Estado para instaurar uma ditadura”, afirmou o subprocurador.
 
Além da suspensão dos salários, Furtado também pediu o bloqueio de bens no montante de R$ 56 milhões de todos os 37 indiciados pela PF. Essa medida visa cobrir os prejuízos causados pelos atos de destruição do patrimônio público em 8 de janeiro de 2023, que totalizam R$ 56 milhões, conforme estimado pela Advocacia-Geral da União (AGU).
 
“Por haver esse evidente desdobramento causal entre a trama golpista engendrada pelos 37 indiciados e os prejuízos aos cofres públicos decorrentes dos atos de destruição do patrimônio público em 8 de janeiro de 2023, considero que a medida cautelar também deve abranger a indisponibilidade de bens”, completou Furtado.
 
O pedido inclui ainda a extensão da medida de suspensão de qualquer pagamento remuneratório aos outros indiciados que recebam verba dos cofres públicos federais, incluindo do Fundo Partidário. O processo para avaliar a suspensão dos salários ainda não foi aberto pelo TCU.

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