Entenda como ocorre a valorização das obras no mercado de arte

 O processo de valorização das obras dos artistas no mercado de arte envolve diversos fatores e reflete também, de maneira mais amplificada, na promoção do cenário cultural da região onde eles vivem e atuam. Nesse sentido, as galerias de arte desempenham um papel muito importante para projetar as carreiras dos artistas, inclusive os mais jovens, contribuindo também para fomentar a cultura. A Cerrado Galeria, que conta com unidades em Goiânia e Brasília, é um exemplo disso.

Desde que inaugurou a unidade na capital goiana em maio de 2023, a galeria conquistou um resultado expressivo. Em apenas um ano, quatro artistas que são representados pela Cerrado Galeria tiveram seus trabalhos valorizados em 20%. As obras de Estêvão Parreiras, Iêda Jardim, Manuela Costa Silva e Mateus Dutra apresentaram o aumento após uma análise feita pelos responsáveis pela galeria. Todos esses artistas nasceram e moram em Goiânia, com exceção de Estêvão Parreiras, que é mineiro, mas reside na capital goiana há muitos anos.

“Essa porcentagem é um reflexo da alta frequência de venda de obras desses artistas, além do fato de que suas obras estiveram expostas em quase todas as feiras de que a Cerrado Galeria participou e seus trabalhos foram apresentados também em mostras específicas na galeria”, explica Lúcio Albuquerque, que é um dos fundadores e sócios-diretores do espaço, juntamente com Carlos Dale e Antônio Almeida. Ele complementa que, mesmo depois do aumento nos valores, as obras dos quatro artistas continuam sendo bastante adquiridas pelo público.

O fundador do espaço acrescenta ainda que a participação desses artistas na segunda edição da feira Rotas Brasileiras, no segundo semestre de 2023, foi um ponto-chave para essa valorização. Realizada em São Paulo, a feira é uma das maiores do segmento no Brasil. “Quando conseguimos expandir a abrangência de mercado de um artista, é natural que ele fique mais valorizado, pois extrapola a questão da regionalidade. A coisa mais importante que uma galeria pode fazer é exatamente levar as obras dos artistas para fora da sua região de produção, o que ajuda a difundir o trabalho nacional e internacionalmente”, ressalta.

Fatores da valorização

De acordo com Lúcio Albuquerque, a precificação de uma obra segue algumas linhas gerais. Quando o artista está começando a carreira, são levados em conta os custos diretos dos artistas, como o material, a estrutura e o transporte, e da galeria, como impostos e manutenção do espaço, além das margens de lucro de ambos. “O mercado de arte não é descolado da realidade dos outros mercados e do custo de vida, portanto é importante viabilizar a continuidade da produção do trabalho dos artistas e levar em consideração que praticamente todos eles se sustentam exclusivamente com a venda de suas obras”, pondera.

Por isso, a Cerrado Galeria oferece aos artistas que representa, no mínimo, a recomposição da inflação de um ano para o outro, mesmo isso não sendo uma regra do mercado. Contudo, a valorização real tende a ocorrer com o passar do tempo, considerando ainda o desempenho profissional do artista, como aponta o fundador do espaço.

“Se o artista realiza uma pesquisa séria, está comprometido com questões atuais e tem uma técnica apurada e arrojada, há maior chance de valorização de suas obras, chegando ao ponto de os custos fixos serem bastante inferiores ao valor atribuído à arte de forma subjetiva, que pode incluir a qualidade, a relevância e, até mesmo, a destreza do artista”, pontua. Da parte das galerias e curadores, o papel é apresentar artistas que tenham essas características relevantes para o mercado, pois são instrumentos para divulgar esses artistas, conforme destaca Lúcio Albuquerque.

“Nesse sentido, é importante a galeria dar suporte para que a apresentação ao mercado seja feita de maneira assertiva e respeitosa à obra do artista, mostrando o trabalho no seu espaço físico e em feiras, apresentando-o para profissionais da área ou inserindo-o em projetos de arquitetura para clientes”, exemplifica. No entanto, ele revela que três fatores se destacam para influenciar na valorização das obras dos artistas: a realização de exposições relevantes, a participação em feiras de grande alcance e a aquisição de uma obra por parte de uma instituição séria.

É por essa razão que São Paulo tem bastante destaque na difusão e promoção da arte no Brasil, pois é onde estão importantes museus, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e a Pinacoteca de São Paulo, além de o estado absorver mais de 60% da produção de arte nacional, como afirma Albuquerque. “O desafio é buscar novos mercados, especialmente o de São Paulo, mas também ajudar na implementação de uma política de aquisição de obras nos centros culturais de Goiás, pois os museus são justamente os locais que mais reúnem o que pode ser visto pelos espectadores, inclusive na posteridade”, reforça.

 

Cenário regional

A participação cada vez maior de artistas do Centro-Oeste em feiras e eventos de alcance nacional e internacional contribui para fomentar o cenário cultural em Goiás de diversas formas. Uma delas é estimular os demais artistas goianos a continuar produzindo e fazendo suas pesquisas, com o intuito de participarem desses eventos de maior proporção também. O diretor da Cerrado Galeria ainda pontua que essa movimentação ajuda a expandir o mercado goiano e contribui para a sua profissionalização, inclusive com a criação de mais galerias de arte.

“A formalidade e a profissionalização são muito importantes, pois garantem ao artista a chance de maior sucesso e de um retorno mais seguro”, ressalta Lúcio Albuquerque. Em apenas um ano desde que foi criada, a unidade da Cerrado Galeria em Goiânia já levou obras de artistas regionais para eventos como a feira Rotas Brasileiras e a SP-Arte, que é considerada a maior feira de arte da América do Sul.

Ao mesmo tempo, a galeria prestigia os eventos regionais, como a Feira de Arte Goiás (FARGO), da qual já participou duas vezes, divulgando obras de quase o dobro de artistas de uma edição para a outra. Para cada um dos eventos de que participa, a galeria adota uma estratégia diferente de seleção e divulgação dos artistas que representa, mas sempre buscando fazer uma rotatividade desses artistas.

Quando é possível, a Cerrado Galeria também procura divulgar conjuntamente nas feiras artistas expostos na unidade de Goiânia e na de Brasília, tanto pela proximidade física dos espaços quanto pela similaridade da produção artística. O fundador da galeria celebra o resultado dos últimos 12 meses, ainda mais por ser o primeiro ano da unidade da capital goiana. “O desempenho da galeria tem sido muito positivo e, para além da curiosidade inicial do público, o valor médio das obras também tem aumentado. Isso vem com a confiabilidade do mercado, porque a credibilidade reflete na venda de obras com valor mais alto”, avalia.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Humoristas estrangeiros revelam o lado engraçado da cultura brasileira

Humoristas estrangeiros estão conquistando as redes sociais ao mostrarem o lado engraçado da cultura brasileira. Nomes como Lea Maria e Paul Cabannes têm se destacado ao criar conteúdo sobre o Brasil a partir de suas visões como estrangeiros, explorando as diferenças culturais de seus países de origem e o Brasil, onde atualmente residem.

Recentemente, o humorista Paul Cabannes causou furor ao pedir, durante o G20, no Rio de Janeiro, que o presidente da França, Emmanuel Macron, proibisse o croissant recheado no Brasil. O quitute e suas diversas combinações são frequentes temas das piadas do comediante, que utiliza as diferenças sociais e econômicas para fazer humor, trazendo um olhar curioso e divertido sobre as peculiaridades do cotidiano brasileiro.

Além de Cabannes, a humorista Lea Maria também vem se destacando nesse novo filão. Natural da Alemanha, ela chegou ao Brasil em 2017 e encontrou no país, além de um novo lar, uma fonte de inspiração para construir sua carreira no humor, acumulando milhões de seguidores nas redes sociais, graças às suas vivências entre duas culturas tão distintas.

Lea Maria usa o humor para abordar o choque cultural de forma leve e envolvente, destacando situações que revelam o famoso “jeitinho brasileiro”. Sua sensibilidade ao analisar as diferenças entre as culturas alemã e brasileira vai além da comédia e reflete em suas reflexões sobre a resiliência e o improviso dos brasileiros, que contrastam com a organização e planejamento alemães.

Paul Cabannes também tem feito sucesso nas redes sociais, especialmente por vídeos em que “traduz” o Brasil para seus seguidores. O humorista alcançou grande popularidade com um vídeo que acumulou milhões de visualizações, onde faz uma comparação hilária entre xingamentos em francês e português, conquistando a simpatia do público brasileiro com seu humor.

O sucesso dos humoristas estrangeiros no Brasil se deve, em parte, ao fato de que o brasileiro gosta de rir e aprecia conteúdos de comédia. A capacidade de Lea Maria, Paul Cabannes e outros “gringos” em transformar suas experiências de adaptação em piadas é uma ferramenta de conexão com o público, criando uma energia coletiva incrível e um senso de união por meio do riso.

Esses humoristas estrangeiros trazem uma perspectiva única e refrescante sobre o Brasil, explorando suas diferenças culturais com criatividade e humor, o que tem conquistado cada vez mais seguidores e admiradores nas redes sociais. Seja através de vídeos engraçados, relatos do dia a dia ou reflexões sobre as peculiaridades brasileiras, eles estão mostrando que o humor é uma linguagem universal que pode unir as pessoas, independentemente de sua origem ou nacionalidade.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp