“A secretária não tem competência. Ela desconstruiu o sistema que tinha. Não havia questão de máfia, coisa nenhuma. Até onde vai esse sofrimento?”
Durante a Comissão Especial de Inquérito (CEI) que investiga o caos na saúde pública em Goiânia, o prefeito Iris Rezende (MDB) defendeu a secretária de saúde, Fátima Mrue, e disse que irregularidades devem ser investigadas. Além disso, Iris não respondeu ao questionamento do vereador Jorge Kajuru (PRP) sobre a quem o emedebista se referia quando disse, em entrevista recente a imprensa, que parlamentares que compõem o colegiado estariam atuando por “interesses escusos”. Após o depoimento, o Iris Rezende não conversou com a imprensa.
A vereadora Dra Cristina (PSDB) voltou a reclamar da situação da Saúde Pública em Goiânia. Ela reproduziu algumas reportagens feitas pela imprensa relativa ao descaso pela capital. A parlamentar disse que a situação no sistema de saúde é crítica. “A secretária não tem competência. Ela desconstruiu o sistema que tinha. Não havia questão de máfia, coisa nenhuma. Até onde vai esse sofrimento?”, questionou. O prefeito argumentou que há uma divergência de avaliação e que nunca titubeou para retirar secretário que tenha ocorrido algum erro grave. Iris voltou a dizer que a Saúde vai melhorar em 60 ou 90 dias.
Iris afirmou que nesta sexta-feira, apenas no início da manhã já haviam sido atendidas cerca de 6 mil pessoas. Dra Cristina rebateu os números dizendo que há pessoas que são direcionadas para outras unidades de saúde, por falta de estrutura nos CAIS e postos de saúde, e que isso é computado como atendimento.
A CEI denunciou à polícia casos de mortes de pacientes por falta de UTI. Relatório da própria Secretaria Municipal de Saúde revelou indícios de que hospitais estariam selecionando usuários para as vagas. Enquanto há uma lista de espera diária, leitos ficaram ociosos nos hospitais credenciados ao SUS. Outro problema é a demora do Município para retirar leitos de UTI que não existem mais do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes), do governo federal. O Ministério da Saúde define o número de UTIs com base na população de cada cidade. Como os leitos fantasmas continuam no Cnes, novos contratos não podem ser firmados. Um dos casos é o do Hospital Santa Genoveva, que fechou há dois anos. Os leitos ainda estão no sistema.
Em novembro do ano passado, Elias Vaz denunciou o pagamento de mestrado com recursos do Fundo Municipal de Saúde, verba do governo federal, para duas servidoras da prefeitura. O curso, com duração de dois anos, no Instituto Superior de Educação Santa Cecília, em Santos, vai custar ao Município R$108 mil. Elas não passaram por nenhum processo seletivo na prefeitura para conseguir o pagamento do mestrado. Por causa da denúncia, o Ministério Público já pediu a suspensão do pagamento e até o afastamento da secretária Fátima Mrué, mas o Município continua pagando o curso. O MP apurou que, além das mensalidades, foi aprovado o pagamento de passagens de avião e hospedagem das servidoras em Santos. Segundo a investigação, o curso custou ao FMS, em 201, R$ 33.278,00 de mensalidades mais R$ 14.895,85 referentes ao pagamento de passagens e hospedagens, totalizando o valor de R$ 48.173,85 de gasto indevido.