Ismail Haniyeh, líder político do Hamas, foi assassinado em um ataque aéreo em Teerã, enquanto participava da posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian. O Hamas acusou Israel pelo ataque, que também matou um segurança de Haniyeh. O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, e dirigentes do Hamas prometeram vingança, aumentando os temores de uma escalada no conflito já em curso entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.
Em um comunicado, o Hamas afirmou que Haniyeh, de 62 anos, foi morto em sua residência em Teerã. O aiatolá Khamenei condenou o ataque, chamando-o de “um ato terrorista” e declarou que é “dever do Irã buscar vingança”. Musa Abu Marzuk, um alto dirigente do Hamas, também prometeu retaliar a morte de Haniyeh.
O assassinato ocorre em um momento de intensas hostilidades entre Israel e grupos apoiados pelo Irã, como o Hezbollah no Líbano e os rebeldes houthis no Iêmen. Nos últimos meses, o Hamas tem travado uma guerra contínua contra Israel na Faixa de Gaza, agravada pelo ataque de 7 de outubro, que resultou na morte de 1.197 pessoas no sul de Israel e no sequestro de 251 pessoas pelo Hamas. Israel, por sua vez, respondeu com uma campanha militar que já matou pelo menos 39.445 pessoas em Gaza.
A morte de Haniyeh complicou ainda mais os esforços de mediação de um cessar-fogo, conduzidos por países como Catar, Estados Unidos e Egito. O primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, questionou a viabilidade das negociações após o assassinato do líder do Hamas, destacando que “os assassinatos políticos e que os civis continuam no alvo em Gaza nos levam a perguntar como uma mediação pode ter sucesso quando um lado assassina o negociador do outro lado”. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, reiterou que Washington não estava envolvida no ataque e continua a buscar a desescalada do conflito.
A morte de Haniyeh, considerado um líder pragmático dentro do Hamas, foi um duro golpe para o movimento, mas analistas como Ibrahim Madhoun afirmam que o grupo não será desestabilizado por isso. Haniyeh, que viveu no exílio entre Catar e Turquia, tinha boas relações com diversas facções palestinas e liderava o Hamas desde 2017. Ele também tinha um histórico de sofrimento pessoal devido ao conflito, tendo perdido três filhos e quatro netos em um bombardeio anterior.
A República Islâmica do Irã declarou três dias de luto oficial pela morte de Haniyeh e planeja uma cerimônia fúnebre em Teerã, antes do traslado do corpo para Doha, Catar, onde será enterrado na sexta-feira. A comunidade internacional, incluindo Turquia, China, Rússia e Catar, condenou o assassinato e alertou para o risco de uma intensificação do conflito na região.