Influenciadores suspeitos de lavar dinheiro do narcotráfico são presos

A Polícia Civil da Bahia, em uma ação conjunta com as forças de segurança do Ceará, Espírito Santo e Goiás, deflagrou nesta quinta-feira, 5,  uma operação contra uma organização criminosa suspeita de promover rifas ilegais.  O objetivo: encobrir a origem ilícita do dinheiro obtido com o narcotráfico. Até as 10h da manhã, o Departamento de Repressão e Combate à Corrupção ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro já havia efetuado a prisão de 21 pessoas investigadas. Das prisões, quatorze ocorreram em Salvador, cinco em Goiás e uma no Ceará. A Polícia Civil baiana confirmou a morte de um dos alvos da operação, que resistiu à prisão, foi baleado e socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
 
Entre os detidos em caráter temporário, estão dois influenciadores digitais baianos: José Roberto, conhecido nas redes sociais como Nanan Premiações, e Ramhon Dias. Acusados de integrar a organização criminosa, ambos somam cerca de 1,5 milhão de seguidores nas redes sociais, onde promovem rifas e sorteios de prêmios de alto valor, incluindo veículos de luxo. A Agência Brasil informa que não conseguiu contato com José Roberto, Ramhon Dias ou seus advogados até o momento, mas permanece aberta para incluir seu posicionamento nesta matéria.
 
Um dia após a operação da Polícia Civil da Bahia, a Polícia Civil de Pernambuco realizou a Operação Integration. A ação resultou na prisão da advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra, sua mãe, Solange Bezerra, e outros suspeitos de integrar um esquema de lavagem de dinheiro semelhante ao investigado na Bahia. Neste caso, o esquema também envolve o uso de plataformas de apostas online – as chamadas bets – para “lavar” o dinheiro obtido com jogos ilegais.
 
“Investigamos uma organização criminosa que atua no campo dos jogos ilegais”, comentou o delegado-geral da Polícia Civil de Pernambuco, Renato Rocha, durante entrevista coletiva na última quarta-feira, 4. “A organização criminosa também operava no ramo das bets, mas o crime de origem está relacionado aos jogos não autorizados pela legislação. As bets e outras empresas eram utilizadas para lavar o dinheiro proveniente deste ramo ilegal de jogos”, acrescentou o delegado. Rocha alegou não poder fornecer detalhes sobre as suspeitas que pesam contra cada empresa ou pessoa investigada na Operação Integration, incluindo Deolane Bezerra.
 
Em uma mensagem divulgada em suas redes sociais, Deolane Bezerra confirmou sua detenção e afirmou ser alvo de uma injustiça. “Sofro uma grande injustiça. O preconceito e a perseguição contra mim e minha família são notórios, mas isso tudo servirá para provar, mais uma vez, para todos vocês, que não pratico e nunca pratiquei crimes.” Deolane e sua mãe passaram por audiência de custódia e, por decisão da Justiça de Pernambuco, permanecerão detidas. A influenciadora está presa em uma cela separada na Colônia Penal Feminina do Recife (Bom Pastor).
 
A operação contou com a cooperação das polícias civis de São Paulo, Paraíba, Paraná e Goiás, além da participação da Interpol e do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Em nota, o Ministério destacou que, segundo as investigações iniciadas em abril de 2023, os suspeitos movimentaram cerca de R$ 3 bilhões provenientes de jogos ilegais. Para a lavagem de dinheiro, utilizaram empresas de eventos, publicidade, casas de câmbio e seguros, realizando depósitos e transações bancárias. “O dinheiro era lavado por meio de depósitos fracionados em espécie, transações bancárias entre os investigados com o imediato saque do montante, compra de veículos de luxo, aeronaves, embarcações, joias, relógio de luxo, além da aquisição de centenas de imóveis”, acrescentou o Ministério na mesma nota.

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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