O Brasil direciona esforços para uma fase crucial da educação: os anos finais do ensino fundamental, abrangendo do 6º ao 9º ano, entre 11 e 14 anos. Estudos revelam que, nessa etapa, os alunos vivenciam grandes transformações pessoais, com a chegada da adolescência. Nesse período, geralmente mudam para escolas maiores e enfrentam conteúdos mais complexos. É um momento decisivo para a continuidade dos estudos até o término do ensino médio.
Debater como o Brasil e outros países garantem uma educação de qualidade e quais as principais estratégias para combater a reprovação e a evasão escolar foi o propósito do Seminário Internacional Construindo uma Escola para as Adolescências, realizado no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), transmitido online.
A coordenadora Executiva Adjunta da ONG Ação Educativa, a socióloga e educadora Edneia Gonçalves, ressalta que um ponto crucial nessa discussão é considerar o papel da educação e da escola na redução das desigualdades no país. “Acredito que a função social da escola é garantir a todos o direito a uma trajetória escolar que gere aprendizagens significativas para que as pessoas sigam suas vidas. Mas isso não é tão simples”, afirma.
Dados mostram que as condições de estudo e formação não são iguais para todos os brasileiros. A população mais vulnerável é a que mais reprova e abandona a escola sem concluir o ensino médio.
Júlia Ribeiro, oficial de Educação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, destaca que as populações preta, parda, indígena e quilombola, além de pessoas com deficiência, apresentam índices de evasão escolar maiores que a população branca.
“É preciso contrariar destinos que são aceitos como naturais, de que quem vive em situação de maior vulnerabilidade vai reprovar, vai entrar em distorção [de idade em relação à série cursada] e vai abandonar a escola. Contrariar destinos porque não podemos aceitar que esses sejam os destinos que esses meninos e meninas tenham nas suas escolas”, enfatiza.
Em julho deste ano, o governo federal lançou o Programa de Fortalecimento para os Anos Finais do Ensino Fundamental – Programa Escola das Adolescências. O objetivo é construir uma proposta para essa etapa que se conecte com as diversas formas de vivenciar a adolescência no Brasil, promovendo um espaço acolhedor e impulsionando a qualidade social da educação, aprimorando o acesso, o progresso e o desenvolvimento integral dos estudantes.