A Coreia do Norte explodiu, nesta terça-feira, 15, trechos das estradas Gyeongui e Donghae, que conectam as duas Coreias, agravando ainda mais a situação tensa na península. As explosões ocorreram ao meio-dia, no horário local, e foram acompanhadas por movimentações de máquinas pesadas no local, segundo o Estado-Maior Conjunto (JCS) da Coreia do Sul. Embora essas vias não estivessem em uso há anos, sua destruição carrega um forte simbolismo de rompimento das poucas ligações restantes entre os dois países.
A resposta da Coreia do Sul foi imediata, com operações de artilharia realizadas ao sul da linha de demarcação militar que divide os dois territórios. As autoridades sul-coreanas afirmaram que estão monitorando atentamente os movimentos militares do Norte e mantendo uma postura de prontidão em cooperação com os Estados Unidos. A tensão entre os dois lados aumentou ainda mais após Pyongyang ter acusado o Sul de enviar drones com propaganda sobre a capital norte-coreana, Pyongyang.
Desde o início do ano, Kim Jong-un tem adotado uma postura mais agressiva, afirmando que a Coreia do Sul é o “principal inimigo” e ordenando a instalação de minas terrestres, barreiras antitanque e mísseis nucleares próximos à fronteira. Em janeiro, Kim abandonou oficialmente a política de buscar a reunificação pacífica, alegando que as relações intercoreanas são agora um confronto entre dois estados beligerantes.
A destruição das estradas faz parte de um movimento maior de isolamento. Em uma declaração divulgada em 9 de outubro, o Exército Popular Coreano anunciou que todas as conexões restantes entre os dois países seriam cortadas como medida de segurança nacional. Pyongyang justifica suas ações como resposta aos exercícios militares conjuntos realizados pela Coreia do Sul e à presença de ativos estratégicos dos EUA na região.
Analistas veem as explosões como mais uma tentativa de Kim de transferir a culpa pelo fracasso econômico de seu regime, legitimando o alto custo de seus programas militares e nucleares. Além disso, o estreitamento dos laços entre Coreia do Norte e Rússia nas últimas semanas tem causado preocupação no Ocidente, alimentando receios sobre uma possível intensificação dos esforços militares norte-coreanos.
As explosões e a retórica agressiva de ambos os lados mostram que a situação na península coreana continua extremamente volátil, com riscos crescentes de confrontos diretos entre as duas nações, que tecnicamente ainda estão em guerra desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953.