O poeta e filósofo Antônio Cícero, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), faleceu na quarta-feira, 23 de outubro, na Suíça, após optar por uma morte assistida. Com 79 anos, Cícero havia sido diagnosticado com Alzheimer em 2023, o que significativamente afetou sua qualidade de vida.
A doença, que afeta a memória e as funções cognitivas, tornou sua vida “insuportável”, segundo suas próprias palavras expressas em uma carta de despedida. Seu viúvo, Marcelo Pies, detalhou a decisão de Cícero por morte assistida, destacando que esta foi uma escolha pessoal e consciente. “Ninguém foi consultado”, enfatizou, ressaltando a autonomia e a clareza de pensamento de Cícero até o fim.
“Ele tinha urgência, pois temia que a doença piorasse e perdesse de repente a plena consciência, o que impediria todos os planos. Cícero era muito racional”, afirmou o figurinista.
Segundo Pies, os últimos momentos do poeta foram marcados por uma grande serenidade e aceitação. O casal teria realizado uma despedida especial em Paris, com passeios em restaurantes e pontos turísticos da cidade. “Foi uma despedida do jeito que ele queria, sem lamentos”, contou o viúvo.
Antes de partir, Cícero deixou uma carta sensível de despedida, na qual expressou sua gratidão pela vida vivida e pelo amor recebido. A carta é um testemunho da sua força e da sua capacidade de refletir sobre a própria existência, mesmo diante de uma doença devastadora.
A morte assistida na Suíça é um procedimento legal e rigorosamente regulamentado. A decisão de Cícero reflete uma discussão mais ampla sobre a dignidade na morte e o direito à autodeterminação, temas que continuam a gerar debates éticos e legais em muitos países.