Mulher acusa namorado médico de dopá-la para realizar aborto sem consentimento em Pirenópolis

Uma mulher de 27 anos acusa o namorado, um médico de 25 anos, de tê-la dopado para realizar um aborto sem seu consentimento em um hotel em Pirenópolis, Goiás. A Polícia Civil investiga o caso, registrado inicialmente como agressão, mas que pode evoluir para um inquérito de aborto provocado, dependendo do laudo médico que irá confirmar ou não a causa da morte do feto.

A mulher, identificada apenas como R.D.S., relatou que, após ingerir uma bebida oferecida pelo namorado, começou a se sentir sonolenta. Ao despertar, percebeu o parceiro tentando inserir comprimidos em sua genitália para interromper a gravidez de três meses. Ela conseguiu remover parte dos comprimidos e fugiu do local, buscando ajuda médica. No hospital, foi constatado que o feto já estava sem vida e que havia dois comprimidos em seu canal vaginal, os quais foram retirados pela equipe médica.

A vítima afirmou que o namorado já havia expressado o desejo de interromper a gravidez, apesar de ela querer seguir com a gestação. Segundo o delegado Tibério Martins Cardoso, que coordena a investigação em Pirenópolis, o inquérito será transferido para a cidade caso o laudo comprove que os comprimidos causaram a morte do bebê.

A ocorrência foi registrada na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) de Goiânia. O nome do médico não foi divulgado, e a defesa dele não respondeu aos contatos da imprensa. A família da vítima aguarda os próximos passos da investigação.

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Restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos faz descoberta de cemitério de africanos escravizados

A restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá, culminou em uma importante descoberta arqueológica: um cemitério com mais de 200 anos. Durante as escavações para a implantação de um sistema de drenagem, os arqueólogos encontraram ossadas que, segundo especialistas, são possivelmente de africanos escravizados e negros libertos.

A obra, iniciada em abril deste ano, é realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com um investimento de R$ 3,5 milhões. A conclusão está prevista para 2025. A descoberta das ossadas aconteceu em novembro, quando 35 ossadas foram exumadas sob o calçamento externo, e centenas de outros túmulos foram identificados.

Importância Histórica e Cultural

“É uma descoberta importantíssima para a história de Jaraguá e do estado de Goiás, pois nos permite resgatar a memória histórica de um período significativo para a formação cultural”, ressalta a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes. Este achado reforça a importância da preservação do patrimônio material e imaterial, conectando-nos com as raízes de nossa história.

Além das ossadas, os trabalhos também revelaram, com a remoção do piso de madeira, 56 campas funerárias numeradas dentro da igreja. Segundo os arqueólogos, há cerca de 150 sepultamentos nas laterais, no fundo e no pátio frontal da igreja. “Tem um sepultamento atravessado embaixo da escada da igreja, então quer dizer que aquela escada não é tão antiga, não é a original da construção. Em alguns locais a gente encontrou sobreposição de esqueleto, ou seja, existia o uso contínuo dessas covas”, conta o arqueólogo Wagner Magalhães.

A equipe agora enfrenta o desafio de extrair o máximo de informações possíveis sobre os esqueletos, que estão em péssimas condições de preservação devido ao solo úmido do local. As ossadas retiradas serão estudadas em laboratório para obter informações sobre sexo e faixa etária. Posteriormente, será feito um levantamento histórico com base nos registros de batismo e morte.

“Foi um trabalho surpreendente não só porque é inédito, mas é uma coisa que está mexendo com a memória. Quem eram essas pessoas? Apesar de não ter a história completa, a gente tem uma ideia do que aconteceu ali”, ressalta a arqueóloga Elaine Alencastro.

Educação patrimonial

Após o trabalho de curadoria da equipe arqueológica, a Secult, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Goiás, vai oferecer uma ação de educação patrimonial na igreja. “Todas as nossas obras já possuem tapumes educativos que contam a história do edifício, mas, com essa descoberta, vamos montar uma estrutura na igreja para que todos possam conhecer mais sobre essa história que ficou escondida durante tantos anos”, adianta a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secult, Bruna Arruda.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída em 1776 pela irmandade de negros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Nessa época, era comum a construção de igrejas específicas para a população negra. “Essa igreja foi dedicada aos pretos e foi construída por eles, e a população africana teve um papel importantíssimo até para a formação da cidade de Jaraguá. Então o que a gente tem aqui é um pouquinho da nossa história e traz também um pouco da história do início das minas de ouro, desses povos que trabalharam lá”, explica Wagner Magalhães.

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