Crise diplomática: governo de Nicolás Maduro intensifica críticas ao Brasil

O governo venezuelano de Nicolás Maduro voltou a subir o tom contra o governo brasileiro, fazendo novas críticas nas redes sociais. A nota do governo venezuelano, postada pelo chanceler Yván Gil Pinto, afirma que o Itamaraty tenta enganar a comunidade internacional se fazendo de vítima e pratica “agressão descarada e grosseira” contra Nicolás Maduro. Além disso, o governo venezuelano acusa o Brasil de se intrometer em assuntos eleitorais e políticos do país.
 
Essa mensagem veio em resposta à nota do Itamaraty de sexta-feira (1º de novembro), que condenou ataques pessoais e escaladas retóricas de autoridades venezuelanas contra o Brasil e seus símbolos nacionais. O Itamaraty expressou surpresa com o tom ofensivo da Venezuela e ressaltou que a opção por ataques pessoais e escaladas retóricas não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e seu povo.
 
Na quinta-feira, 31, uma publicação da Polícia Nacional Bolivariana mostrou a bandeira do Brasil com uma silhueta semelhante à do presidente Lula e a frase “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”. A publicação foi posteriormente apagada.
 
A crise diplomática entre os dois países começou em julho, quando o governo brasileiro não reconheceu a vitória de Nicolás Maduro na eleição venezuelana devido à falta de transparência na divulgação dos resultados das urnas. A comunidade internacional questionou a legitimidade do processo eleitoral, sugerindo possíveis fraudes.
 
A relação se deteriorou ainda mais após o Brasil se opor à entrada da Venezuela no Brics, um grupo fundado por Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul que passou a aceitar novos membros em 2024. O governo venezuelano criticou o Brasil por este veto e comparou as políticas do governo Lula às de Bolsonaro, afirmando que o Itamaraty reproduz “o ódio, a exclusão e a intolerância promovidos pelos centros de poder ocidentais”.
 
O governo venezuelano também convocou o embaixador do país em Brasília para consultas, agravando a crise diplomática. Em um comunicado, o governo venezuelano exortou o Itamaraty a desistir de se imiscuir em assuntos internos da Venezuela e a adotar uma conduta profissional e diplomática respeitosa.

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Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, nesta quinta-feira, 21, mandados de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
 
Os mandados foram expedidos após o procurador do TPI, Karim Khan, ter solicitado a prisão deles em maio, citando crimes relacionados aos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e à resposta militar israelense em Gaza. O TPI afirmou ter encontrado “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant têm responsabilidade criminal por crimes de guerra, incluindo a “fome como método de guerra” e os “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.
 
Netanyahu e Gallant são acusados de terem privado intencionalmente a população civil de Gaza de bens essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, medicamentos, combustível e eletricidade, entre outubro de 2023 e maio de 2024. Essas ações resultaram em consequências graves, incluindo a morte de civis, especialmente crianças, devido à desnutrição e desidratação.
 
Mohammed Deif, líder militar do Hamas, também foi alvo de um mandado de prisão. O TPI encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Deif é responsável por “crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, extermínio, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, bem como crimes de guerra de assassinato, tratamento cruel, tortura, tomada de reféns, ultrajes à dignidade pessoal, estupro e outras formas de violência sexual”.
 
Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI, incluindo o Brasil, o que significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.
O governo israelense rejeitou a decisão do TPI, questionando a jurisdição do tribunal sobre o caso. No entanto, os juízes rejeitaram o recurso por unanimidade e emitiram os mandados. O gabinete de Netanyahu classificou a sentença de “antissemita” e “mentiras absurdas”, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, a chamou de “uma recompensa ao terrorismo”. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também criticou a decisão, considerando-a uma “vergonha” para o TPI.
O conflito na Faixa de Gaza, que se arrasta há mais de um ano, deixou milhares de mortos e devastou a região. A decisão do TPI simboliza um avanço na responsabilização por crimes graves, embora sua eficácia prática seja limitada, dado que Israel e os Estados Unidos não são membros do TPI e não reconhecem sua jurisdição.

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