Extremistas do 8 de janeiro planejavam sequestrar Lula e Moraes

A Polícia Federal (PF) descobriu que extremistas envolvidos nos atos depredatórios de 8 de janeiro em Brasília pretendiam sequestrar o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A intenção era consolidar um golpe de Estado, conforme informações confirmadas por fontes na PF ao Correio.
 
Entre as ações planejadas pelos extremistas, estava um confronto armado com os seguranças do presidente e do magistrado que resistissem a um ataque. Essas informações foram enviadas ao ministro Alexandre de Moraes e revelam um elo significativo entre os fatos investigados.
 
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, destacou que “a atuação da organização criminosa investigada foi essencial para a eclosão dos atos depredatórios”, referindo-se à destruição de prédios públicos na capital federal por milhares de extremistas.
 
Em um depoimento à PF, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que não tentou articular um golpe de Estado, não pediu a elaboração de uma minuta golpista, e não teve relação com um documento de igual teor encontrado em um endereço ligado ao ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Bolsonaro negou qualquer envolvimento com a prisão de ministros do Supremo e a declaração de estado de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no prédio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
 
As investigações continuam, com a PF ouvindo militares sobre os eventos do 8 de janeiro, conforme reportado após o depoimento de Ramagem. A ligação entre os fatos investigados foi revelada pelo Uol e confirmada pelo Correio junto a fontes na Procuradoria-Geral da República (PGR) e na Polícia Federal.

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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