Extrema direita está conseguindo vencer a disputa cultural, diz Boulos
Em uma entrevista ao portal, Guilherme Boulos reflete sobre a derrota nas eleições municipais de São Paulo e aborda as dificuldades enfrentadas pela esquerda. Ele destaca a luta contra supersalários e a jornada de trabalho de 6×1 como pautas que dialogam com um público empreendedor, com o qual a esquerda tem encontrado desafios de comunicação. Boulos reconhece a dificuldade de dialogar com milhões de trabalhadores das periferias, enfatizando a importância de uma disputa de valores eficaz para atrair essa parcela da sociedade.
A ascensão da extrema direita é um fenômeno global, segundo Boulos. Ele aponta que esse segmento tem conseguido vencer a disputa cultural na sociedade, culpando a esquerda por questões como desemprego e falta de perspectivas. O discurso da extrema direita se baseia na ideia de que o Estado é problemático e de que cada um deve ser por si mesmo, alimentando uma falsa meritocracia. Boulos destaca que a esquerda precisa encontrar uma forma de se comunicar de maneira mais eficaz com esse público.
O deputado reforça a importância da pauta da redução da jornada 6×1, que historicamente é defendida pelos movimentos sociais e sindicais de esquerda. Ele ressalta que, apesar do cenário desafiador, essa pauta tem ganhado destaque com iniciativas como a mobilização do movimento VAT e a PEC proposta por Erika Hilton. A pressão popular, principalmente nas redes sociais, tem contribuído para impulsionar a discussão no Congresso Nacional, mostrando que mesmo em meio ao avanço da extrema direita, as pautas da esquerda ainda têm espaço de mobilização.
Boulos também se posiciona contra a anistia aos envolvidos no episódio do 8 de janeiro, destacando a necessidade de responsabilização daqueles que ultrapassam a linha vermelha do golpe contra a democracia. Ele ressalta que a sociedade precisa acertar as contas com seus traumas históricos para evitar a repetição de eventos que colocam em risco a democracia brasileira. A questão da anistia é essencial para preservar os valores democráticos e impedir que atentados contra a democracia fiquem impunes.
Em relação à sua atuação política e futuros planos, Boulos reforça a importância da coerência com suas bandeiras e valores. Ele destaca que não pretende ceder a pressões externas e mantém o foco em sua trajetória política. Quanto à possibilidade de assumir um ministério ou secretaria, Boulos ressalta que seu compromisso é com o mandato que recebeu do povo e de honrá-lo da melhor forma possível.
Por fim, Boulos enfatiza que não está pensando em futuras eleições no momento, após uma campanha intensa e marcada por desafios. Ele destaca a importância da relação entre seu partido, PSol, e o PT, evidenciando uma colaboração mútua e apoio durante a campanha eleitoral. Boulos rejeita a ideia de mudar de partido e reforça sua confiança nas relações políticas estabelecidas até o momento.