Paulo Cappelli
Três oficiais do Exército indiciados pela Polícia Federal por planejar golpe de Estado em 2022 visitaram ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
Dois generais e um coronel do Exército Brasileiro indiciados pela Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado em 2022 visitaram Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, na prisão. Os três foram relacionados pela PF no relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (21/11).
Preso na terça-feira (19/11) no âmbito da Operação Contragolpe, o general Mario Fernandes esteve no Batalhão de Polícia do Exército, em Brasília, onde Cid estava preso, no dia 11 de maio de 2023. Fernandes acompanhava o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro e deputado federal Eduardo Pazuello.
Na época, o militar, ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, ocupava um cargo de natureza especial no gabinete de Pazuello com salário de R$ 15,6 mil. O general foi detido por planejar os assassinatos do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin, e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Os outros dois oficiais indiciados que visitaram Mauro Cid na prisão foram o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira e o coronel Cleverson Ney Magalhães. Eles chegaram juntos ao Batalhão de Polícia do Exército no dia 16 de maio de 2023.
De acordo com as investigações da PF, o general Theophilo, ex-comandante militar da Amazônia e ex-comandante de Operações Terrestres do Exército, é um dos “kids pretos” que teria concordado com o golpe militar e participado da reunião entre Bolsonaro e oficiais de alta patente em novembro de 2022, supostamente realizada para finalizar ajustes na chamada “minuta do golpe”. Ele foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, em fevereiro deste ano.
Ex-oficial do Comando de Operações Terrestres e subordinado de Theophilo, o coronel Cleverson também foi investigado na Operação Tempus Veritatis. Em fevereiro, ele atuava como subcomandante do Centro de Instruções de Guerra na Selva (Cigs). Em depoimento, o oficial admitiu ter conversado com Mauro Cid pelo WhatsApp, mas negou participação no plano de golpe militar e na reunião com Bolsonaro em dezembro de 2022.
Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio de 2023, no âmbito do inquérito que apura a fraude no cartão de vacina de Bolsonaro e de familiares do ex-presidente. As investigações sobre o plano de golpe de Estado começaram a partir de conversas e outros indícios encontrados pela PF no celular e nos computadores do tenente-coronel.
O oficial foi colocado em liberdade em setembro de 2023, após firmar acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Cid foi preso novamente em março deste ano, por descumprir a medida cautelar que proibia seu contato com outras pessoas indiciadas. Em maio, foi solto por determinação do ministro Alexandre de Moraes.
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