Jovem morto em deslizamento é sepultado sob forte comoção em Salvador; buscas por vizinho desaparecido passam de 30h
Rapazes são vítimas de dois deslizamentos distintos ocorridos durante forte chuvas. Padrasto de Gerson Alexandrino Santos Júnior detalhou fuga desesperadora.
O corpo do jovem de 23 anos que morreu após ser soterrado em um deslizamento entre os bairros de Saramandaia e Tancredo Neves, em Salvador, foi sepultado no fim da tarde desta quinta-feira (28), sob forte comoção. A cerimônia foi realizada no Cemitério Municipal de Brotas, na capital baiana.
Gerson Alexandrino Santos estava deitado na cama dele, quando o incidente aconteceu, na manhã de quarta-feira (27). Ele morava com a mãe e o padrasto, um casal de idosos, que estavam em outro cômodo e conseguiram fugir, com escoriações leves.
Em entrevista à TV Bahia, durante o sepultamento, eles relatam uma experiência traumatizante. A mãe do jovem, Neuza Pereira, contou que precisou pular um muro com dois metros de altura para fugir da casa da família.
“Eu ainda pulei o muro, meu marido me ajudou. Saí toda molhada, com a perna toda arranhada, gritando, mas não tinha mais jeito”, disse.
Gerson Alexandrino Santos Júnior, de 23 anos, morreu soterrado após deslizamento de terra em Salvador — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Já o padrasto de Gerson, Renildo da Silva, detalhou o que viu e ouviu nos momentos que antecederam a tragédia.
“Não houve nenhuma rachadura, não houve nenhum aviso. Duas árvores caíram, derrubaram o telhado, a parede, e eu estava próximo à parede do quarto do nosso filho. Quando eu vi o estrondo, eu puxei minha esposa para pular o muro e fugir do local, se salvar”
O rapaz era conhecido como “Juninho” na comunidade onde morava e deixou dois filhos. Durante a despedida, a irmã de Gerson, Andrezza Santos, fez um desabafo sobre a situação da família.
“Eu nunca imaginei de ver meu irmão nessa situação. Meu irmão tinha 23 anos, era novo, tinha 2 filhos. Se meu irmão tivesse condições de morar em um lugar melhor, não moraria em um lugar desse. Ninguém. Quem fez casa ali é porque não tem onde morar”, afirmou.
Bombeiros e voluntários seguem nas buscas por jovem desaparecido na Bahia
Ainda na área onde aconteceu a tragédia, mas em um ponto diferente dos bairros, o jovem Paulo Andrade, de 18 anos, é procurado por bombeiros militares e vizinhos, que se revezam no trabalho. O tempo de realização das buscas já passou de 30h.
Segundo o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBM-BA), não há previsão de parada. A equipe conta com apoio de cães farejadores e equipamentos para retirar a terra do local do incidente. Um ponto de apoio foi montado na casa vizinha, para ajudar os envolvidos no trabalho.
“O local é perigoso, o local é de difícil acesso, um risco de um novo desabamento é real, mas as equipes não pararam de trabalhar. Os bombeiros só vão parar na hora que tiverem o problema resolvido”, afirmou o coronel Adson Marchesini, comandante-geral do CBM-BA.
O deslizamento que vitimou Paulo Andrade também aconteceu na manhã de quarta-feira. Ele estava dentro de casa com a mãe e o irmão de seis anos quando casa desmoronou. Além dos três familiares, um vizinho de 30 anos também foi soterrado.
Marcelo continua internado no Hospital do Subúrbio. Diane Andrade está no Hospital Geral do Estado (HGE). Ela passou por cirurgia e está consciente. Não há detalhes sobre o estado de saúde de Adriano Santos, de 30 anos, que também foi levado para o HGE.
Bombeiros fazem buscas por menina que desapareceu após cair em bueiro na Bahia
Na cidade de Dias D’Ávila, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), também acontecem as buscas pela menina de 12 anos que desapareceu após cair em um bueiro, no município. O trabalho passou de 24h na tarde desta quinta-feira (28), sem nenhum indício do paradeiro da vítima.
Drones, um helicóptero, câmeras especiais que conseguem passar pelas galerias subterrâneas de água, uma sonda e cães farejadores são usados no trabalho, que virou a noite e seguem sem previsão de parada.
Na manhã desta quinta-feira, a mochila usada por Amanda Max Teles da Silva quando desapareceu foi localizada a cerca de 2 km de onde ela caiu, em meio a uma vegetação.
A menina tinha acabado de sair da escola e atravessava a Avenida Lauro de Freitas, quando aconteceu o acidente. Ela usava a farda da escola e segurava um guarda-chuva amarelo no momento do acidente.
Segundo o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBM-BA) e a Prefeitura, cerca de 80 militares atuam na região, além de voluntários que se juntaram à equipe desde o início das buscas.
Conforme divulgaram as autoridades, são cerca de 700 metros de tubulação, que segue até o Rio Imbassaí. O espaço até o desemboque da água é estreito, com difícil movimentação e respiração, o que dificulta o trabalho dos profissionais e moradores da região.
Conforme detalhou a prefeitura para a reportagem, o bueiro onde aconteceu o acidente tem mais de 30 anos e ficava aberto. Ao DE, o engenheiro sanitarista Jonatas Sodré, do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA-BA), detalhou que, de fato, uma tampa não é obrigatória e que costuma não ser usada, mas poderia ter sido instalada, diante da localização do equipamento.