Stacey Kent: relação entre o jazz e a música brasileira é muito forte
A norte-americana Stacey Kent, o herdeiro da família Caymmi, Danilo, e Roberto Menescal fazem homenagem ao maestro Jobim nesta sexta (29/11)
A cantora norte-americana Stacey Kent lembra, direitinho, do dia em que a vida deu um estalo. Foi quando ela escutou, pela primeira vez, a voz de João Gilberto no clássico disco que o mestre baiano lançou em 1964 com o compatriota dela, Stan Getz. A artista tinha 14 anos e nem desconfiava que no futuro se tornaria um dos nomes mais relevantes do jazz atual.
“Escutei esse disco e, de repente, descobri uma atmosfera que mexeu muito com a minha sensibilidade”, recorda a artista que cantará no Festival “Estilo Brasil”, em entrevista ao DE.
“Naquela época eu ainda não falava português, mas era um universo que mexeu comigo, não sei, era algo muito melancólico, mas ao mesmo tempo com muita esperança, ternura, alegria, tudo ao mesmo tempo”, destaca.
A apresentação de “Um Tom Sobre Jobim” será nesta sexta, 29 de novembro, no palco do Ulysses Centro de Convenções, e conta ainda com as participações do herdeiro da família Caymmi, Danilo, e de Roberto Menescal, um dos fundadores da Bossa Nova, movimento musical que sacudiu o Brasil e o mundo no fim dos anos 50.
“Essa relação entre o jazz e a música brasileira sempre existiu, é muito forte e tem caminhos parecidos”, destaca Stacey. “Nos anos 60, os músicos brasileiros eram convidados a tocar na televisão, a exemplo do Tom Jobim com o Frank Sinatra”, compara.
Depois do deleite de ouvir João Gilberto, foi um pulo até chegar a Roberto Menescal, Edu Lobo, Carlos Lira, Caetano Veloso, Chico Buarque e… Tom Jobim.
“João Gilberto e o Tom Jobim moram no meu coração”, declara-se a cantora. “O público pode esperar as músicas do Jobim às vezes com o Danilo cantando em português e eu em inglês ou francês, uma mistura de vozes diferente, mas que funciona”, antecipa.
No show, que já passou por Portugal e Reino Unido, Stacey Kent e Danilo interpretam clássicos do eterno mestre brasileiro Tom Jobim num repertório que conta com Garota de Ipanema, Desafinado, Águas de Março e Água de Beber, que Tom e o poeta Vinicius de Moraes escreveram durante uma passagem pela capital, durante a construção, nos anos 50.