Descoberta de diamantes na região transformou Franca na terra da lapidação e do comércio de pedras preciosas
A extração na região começou no século 18, após o fim da mineração em Minas Gerais e a busca de garimpeiros por novas terras. A cidade ficou conhecida por vender minerais.
Os 200 anos que separam o passado de Franca (SP) dos dias de hoje mantêm uma característica em comum: as riquezas da terra. Mas o brilho escondido na paisagem já foi motivo de muita cobiça. Foi no fim do século 18, com a escassez da mineração, que a região foi ocupada. Por incentivo da coroa portuguesa, uma estrada que cortava São Paulo com destino a Goiás foi aberta para a busca de novas fontes de fortuna. No caminho, a população que já não tinha como extrair recursos de Minas Gerais chegou em Franca: uma terra boa e com água abundante.
Só que os mineiros, que dominavam as técnicas do garimpo, encontraram na cidade algo ainda mais valioso que o ouro: o diamante. Ao contrário do que se pensa, a maior parte dos diamantes de Franca foi encontrada em cidades vizinhas entre São Paulo e Minas Gerais. As primeiras pedras preciosas estavam em Patrocínio Paulista (SP), às margens do Rio Santa Bárbara, conta Alexandre.
Franca, por estar no caminho dos tropeiros, se tornou um ponto estratégico de comércio de diamantes e o negócio resistiu por décadas na Praça Barão. Além do garimpo, a lapidação do diamante foi outra habilidade aprendida pelos homens da cidade. Miguel Vilaça foi um desses lapidários. Até hoje, o filho dele, Leandro de Almeida Vilaça, guarda algumas das ferramentas utilizadas pelo pai como lembrança daquele tempo.
Hoje o comércio de diamantes em Franca já não é tão forte como foi no passado. E também precisa de mais fiscalização para que a atividade não tenha tanto impacto no meio ambiente. Isso porque, segundo Alexandre, o garimpo ainda é a forma mais utilizada para a extração da pedra preciosa na região.
Para ele, além de legalizar a exploração por meio da mineração, também é preciso pensar em formas sustentáveis de fazer o processo. A lapidação manual dos diamantes, que era uma característica marcante da cidade, hoje é praticamente inexistente. A atividade é realizada por grandes empresas que utilizam máquinas. A região, no entanto, ainda guarda a memória de um passado rico em pedras preciosas.