Enfermeira se torna cafeicultora sustentável em Franca: história de amor pela terra

Enfermeira que virou cafeicultora após morte do pai em incêndio conta como tornou produção sustentável: ‘Amor pela terra’

Renata Takaoka mantém plantio de 35 hectares em propriedade marcada pela preservação de recursos hídricos e plantio de árvores em Franca. Cidade paulista mantém forte relação com a cafeicultura há 200 anos.

Renata Takaoka é enfermeira de formação, mas há mais de duas décadas adotou a cafeicultura como atividade profissional e missão de vida. É ela quem coordena a fazenda da família em Franca (SP)
[https://de.de.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/cidade/franca/], desde que o pai e agricultor Arnaldo Campos morreu em decorrência de um incêndio na propriedade rural. Um negócio que ela nunca cogitou desfazer, mesmo com grandes propostas de compra das terras.

> “Não vendo, não doo, não empresto, já tivemos propostas como se fosse ganhar duas vezes na loteria sozinha, mas isso daqui é o amor, isso é um amor que a gente tem pela terra, pela história, isso é um legado que quero deixar para os meus filhos, para os meus netos”, diz.

Renata Takaoka, cafeicultora em Franca (SP) — Foto: Reprodução/EPTV

Hoje, são 35 hectares de café de uma produção que ela se orgulha de dizer que tem como base preceitos sustentáveis, das práticas de conservação dos recursos hídricos ao plantio de árvores e preservação da natureza no entorno.

“Isso é um vício, porque a gente fica apaixonado, você quer fazer o café melhor, você quer ter uma plantação melhor, você tem que cuidar da natureza, a gente aqui cuida dos bichos, a gente não deixa pescar, não deixa caçar, eu já plantei nesses 20 anos cinco mil árvores na fazenda. Nós não temos problema agora com mina d’água. Nós tivemos a tranquilidade de a mina não baixar, ela não ter esse sofrimento, porque todas as minas estão preservadas”, afirma.

Cafezal na região de Franca (SP) — Foto: Reprodução/EPTV

FRANCA E CAFÉ: RELAÇÃO DE LONGA DATA

A forma como Renata lida com a produção exemplifica a forte relação que Franca e seus moradores mantêm com a cafeicultura ao longo de 200 anos de história. A cidade é uma das mais importantes da Alta Mogiana Paulista, atualmente uma das grandes referências nacionais de produção de café de qualidade, principalmente os considerados especiais, de alta pontuação e direcionados para exportação.

A região produz mais de 2 milhões de sacas por ano e emprega, com essa atividade, mais de 120 mil pessoas, segundo dados obtidos pela reportagem com a Alta Mogiana Specialty Coffees (AMSC), Associação do Comércio e Indústria de Franca (Acif), Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec) e Ministério da Agricultura.

Produção de café em Franca (SP) — Foto: Reprodução/EPTV

Um vínculo que remete ao final do século 19 impulsionado pela chegada da ferrovia e de migrantes de Minas Gerais, que chegaram ao estado de São Paulo em busca de terras para cultivar.

> “A ferrovia vai trazer uma conexão com o mundo e uma planta mundo, não é uma planta de mercado interno só, é uma planta de mercado externo. Se Franca já estava como local de passagem antes da ferrovia e muito antes dela, da chegada do império, ainda no período colonial, esse encontro da ferrovia com uma região que já produzia para mercado interno introduz uma planta de mercado externo, o fluxo de riqueza, o dinamismo vai ser outro”, afirma o historiador Pedro Tosi.

Além disso, o desenvolvimento da cafeicultura na região em muito se deve às condições climáticas e topográficas. Segundo o engenheiro agrônomo Lucas Ubiali, ao mesmo tem que estão acima dos 900 metros de altitude, o que já proporciona temperaturas mais amenas para a produção de um café de alta qualidade, as terras são planas e facilitam a mecanização.

“A altitude está diretamente relacionada à qualidade do fruto. Quando a gente tem altitudes elevadas, a cidade de Franca está entre 900 e 1.050 metros, então a gente tem essa altitude que vai favorecer a maturação mais uniforme e essa maturação mais demorada do fruto, onde ela consegue atribuir os açúcares, todas as qualidades de bebida para o cultivo do café arábica na região”, explica.

Cafeteria em Franca (SP) — Foto: Reprodução/EPTV

PRODUTIVA E SUSTENTÁVEL

O terroir da região ajuda Renata não só a ter uma grande produção, com 120 mil pés, como também um café de qualidade e premiado.

“É um prazer muito grande, é um vício, você olhar, veio a flor, agora está a bolinha, agora mesmo ele está vermelho [o fruto], daqui a pouco você colhe, ele vai pro terreiro, aí você chama pra limpar, a hora que ele sai e vai embora pra cooperativa é o triunfo da sua produção, daquilo que você está fazendo.”

Renata Takaoka, produtora de café em Franca (SP) — Foto: Reprodução/EPTV

Na fazenda dela, a irrigação é pelo sistema de gotejamento que ajuda a otimizar a quantidade de água utilizada, principalmente nos períodos de seca. A água usada vem de uma represa da fazenda abastecida por minas preservadas. Além disso, a propriedade é toda mantida por energia fotovoltaica, também suficiente para a secagem do café. O controle de pragas também é cuidadoso, com a aplicação de métodos biológicos.

“O que estou preservando aqui é a qualidade. Então não importa se eu vou vender pra fora, se eu não for, o que a gente tem aqui preservado é a qualidade do café, porque se eu bebo qualquer pessoa pode beber.”

Quando se depara com o sucesso dos negócios, Renata não deixa de mencionar o legado do pai Arnaldo Campos, descrito por ela como um homem que amava a terra e que morreu por ela. Além de ter sido responsável por implementar inovações na região, como o processo de irrigação com um pivô central, ele é lembrado por ter participado ativamente de um protesto, nos anos 1980, por melhores políticas de preços do café.

Capa de jornal registra protesto de cafeicultores na região de Franca
(SP) — Foto: Reprodução/EPTV

“O preço estava muito baixo, porque não tinha uma política de governo para garantir o preço, então a cada dia vendia a um preço, era muita oferta e a procura era muita, mas o preço não compensava. Ele erradicou toda a lavoura, queimou como forma de protesto”, afirma Renata.

A liderança do pai hoje serve de referência e força para seguir em frente. “A gente não vai esmorecer porque a gente sabe que ele, diante de pouco recurso, conseguiu muito. A gente tem muito recurso e a gente tem que fazer o dobro que ele fez.”

Cafezal na região de Franca (SP) — Foto: Reprodução/EPTV

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Padre de Osasco envolvido em investigação da PF por ‘oração ao golpe’

Investigação da PF aponta como padre de Osasco colaborou na elaboração da minuta
e até criou ‘oração ao golpe’

Padre José Eduardo está entre os 37 indiciados pela Polícia Federal no inquérito
sobre a tentativa de golpe. Em fevereiro deste ano, ele foi alvo da operação
Tempus Veritatis.

Padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São
Paulo, foi apontado pela Polícia Federal como colaborador na elaboração da
minuta e até autor da criação de uma espécie de “oração ao golpe” em que pedia
aos brasileiros que incluíssem os nomes de 17 generais e do ministro da Defesa
em suas preces.

O padre José Eduardo está entre os 37 indiciados pela Polícia Federal no inquérito
sobre a tentativa de golpe. Em fevereiro deste ano, ele foi alvo da
operação Tempus Veritatis.

Na época, Padre José Eduardo recebeu da PF a informação de que teria que cumprir
medidas cautelares para evitar a prisão. Entre as medidas estão: a proibição de
contato com os demais investigados da operação e o compromisso de não se ausentar
do país, além da entrega de todos os passaportes, nacionais e estrangeiros.

O relatório final da investigação realizada pela PF sobre a tentativa de golpe
em 2022, arquitetado pelo entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro, revelou que
o padre José Eduardo colaborou como integrante do núcleo jurídico do esquema,
mantendo contato com Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, e Amauri Feres
Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como “mentor intelectual” da
minuta encontrada com Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.

De acordo com a PF, o padre participou de uma série de reuniões em Brasília,
entre elas uma com Filipe Martins e Amauri Saad no Palácio do Planalto, em 19
de novembro de 2022. O contato entre os três era comprovado por mensagens
trocas pelo WhatsApp e e-mails, além do registro de contatos salvos nos celulares.

O padre também esteve presente em Brasília, passando pelo comitê de campanha de
Bolsonaro em novembro e dezembro de 2022, indicando sua participação nas discussões
sobre o regime de exceção constitucional, conforme aponta o inquérito da PF.

Em uma análise do relatório da PF, ficou evidente que Padre José Eduardo
encaminhou uma “oração ao golpe” para um contato chamado “Frei Gilson” em novembro,
onde solicitava incluir generais e o ministro da Defesa nas orações, com o intuito
de pedir coragem para ‘salvar o Brasil’.

Por meio de nota, o padre José Eduardo negou qualquer participação em conspirações
contra a Constituição Brasileira, destacando que como sacerdote católico, sua
missão é o auxílio espiritual e o respeito à ordem estabelecida. Contudo, ele
se colocou à disposição da justiça para esclarecimentos necessários.

Padre José Eduardo é conhecido por suas posições conservadoras na Igreja Católica,
sendo doutor em Teologia Moral. Sua atuação inclui críticas à cantoras como
Madonna e Luiza Sonza, além de abordagens sobre temas como o aborto e a participação
em canais de grande repercussão na extrema direita.

Sua presença nas redes sociais e em espaços midiáticos lhe proporcionaram uma
base de seguidores, aos quais ele compartilha seus pontos de vista e análises
críticas sobre diversos assuntos, inclusive a política nacional. É importante
salientar que o conteúdo relatado é baseado nos dados divulgados pela PF e na
nota emitida pelo próprio Padre José Eduardo.

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