Pacote de corte de gastos pode incluir alteração no salário mínimo e será apresentado esta semana

Após semanas de negociações, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, estão prontos para anunciar nos próximos dias um pacote de corte de gastos públicos. Este pacote, definido em conjunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incluirá várias medidas para controlar as despesas governamentais.
Uma das principais mudanças será na regra de aposentadoria dos militares. De acordo com o ministro Fernando Haddad, o governo planeja aumentar a idade mínima para a passagem para a reserva remunerada para 55 anos e acabar com o benefício pago a familiares de militares expulsos das Forças Armadas, conhecido como “morte ficta”.
Além disso, o pacote também abordará a concessão do abono salarial e do seguro-desemprego, com possíveis limitações. Outra medida significativa é a limitação do reajuste do salário mínimo, que poderá ser corrigido apenas pela inflação.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) defende uma redução nos subsídios oferecidos aos diversos setores da economia. Ele destacou que, no ano que vem, o governo deixará de arrecadar R$ 540 bilhões de impostos e sugeriu que se observe a quantidade de incentivos dados a grandes empresas, que atualmente recebem 46% de todos os subsídios, totalizando R$ 215 bilhões.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) espera que as medidas sejam consistentes e não apenas intenções. Ele defende a redução de despesas desnecessárias feitas pelo governo. O mercado financeiro estima um corte de R$ 60 bilhões em despesas para que o governo não tenha problemas com as contas públicas.
O anúncio do pacote de gastos é aguardado desde o fim das eleições municipais. Haddad participou de várias reuniões com ministros das pastas afetadas e confirmou que o texto está pronto para ser enviado ao Congresso Nacional, dependendo da disponibilidade dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Dono de banco preso em operação da PF contra lavagem de dinheiro é policial civil e já foi acusado de corrupção por delator do PCC

 A Polícia Federal (PF) realizou nesta terça-feira,26,  uma operação contra crimes financeiros que resultou na prisão de um policial civil de São Paulo, Cyllas Elia, que também é dono do 2 Go Bank. Elia havia sido acusado de corrupção por um delator do PCC que foi executado no Aeroporto Internacional de São Paulo.
A operação, que ocorreu em seis estados (São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Ceará, Santa Catarina e Bahia) e no Distrito Federal, visou desmantelar uma organização criminosa que operava um complexo sistema bancário ilegal de lavagem de dinheiro e evasão de divisas para pelo menos 15 países. A investigação revelou que o grupo, chefiado em parte por chineses, movimentou cerca de R$ 6 bilhões nos últimos anos.
O delator, Gritzbach, havia denunciado Elia por corrupção oito dias antes de ser morto a tiros no aeroporto em 8 de novembro. As câmeras de segurança capturaram o crime. Gritzbach era réu em dois processos: um por mandar matar dois membros do PCC e outro por lavar dinheiro para a quadrilha. Ele aceitou a delação premiada para reduzir sua pena.
A PF não realizou a operação diretamente por causa da delação de Gritzbach, mas tinha informações de que Elia já havia sido acusado anteriormente por crimes financeiros. Elia pediu afastamento da Polícia Civil há um ano e meio e é CEO e fundador do 2 Go Bank, segundo suas páginas pessoais na internet e registros na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp).
A delação de Gritzbach indicou que o 2 Go Bank era usado por Elia para lavar dinheiro do PCC. Além disso, Elia tem ligações com dois membros do PCC executados em 2021 em São Paulo.
A operação “Tai-Pan” envolveu a prisão de 16 pessoas e a execução de 41 mandados de busca e apreensão. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 10 bilhões de 214 empresas. O dinheiro circulava dentro do Brasil e era enviado principalmente para a China, Hong Kong, Estados Unidos, Canadá, Panamá, Argentina, Bolívia, Colômbia, Paraguai, Peru, Holanda, Inglaterra, Itália, Turquia e Emirados Árabes.
A organização criminosa usava métodos clássicos de lavagem de dinheiro, como boletagem, empresas de fachada, laranjas, falsificação de documentos de importação e exportação, e operações de câmbio fraudulentas. Além disso, recorreu a métodos modernos que permitiram saltar de milhões para bilhões de reais.
Dois suspeitos de participarem da execução de Gritzbach, Kauê do Amaral Coelho e Matheus Augusto de Castro Mota, são procurados pela polícia e têm prisões temporárias decretadas.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo trabalha com várias linhas de investigação, não descartando a participação de membros do PCC, agentes de segurança ou devedores de Gritzbach. Cinco policiais civis delatados e oito agentes da Polícia Militar que faziam a escolta particular de Gritzbach foram afastados preventivamente.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp