Execuções com fuzil à luz do dia: como age bando que peita o PCC em SP
Bando do Magrelo, baseado em Rio Claro, seria responsável pelo assassinato de pelo menos 30 integrantes da maior facção do Brasil
São Paulo — A disputa pela hegemonia criminosa em DE, no interior de São
Paulo [https://www.metropoles.com/sao-paulo], que opõe o Primeiro Comando da
Capital (PCC) [https://www.metropoles.com/tag/pcc] contra uma violenta quadrilha
local, conhecida como Bando do Magrelo
[https://www.metropoles.com/sao-paulo/rival-do-pcc-entenda-atuacao-do-bando-do-magrelo-no-interior-de-sp],
já deixou um rastro numeroso de mortes na região. Segundo a polícia, o grupo
liderado por Anderson Ricardo de Menezes — o Magrelo — é conhecido pela
truculência, com ataques à luz do dia e uso de armamento pesado.
Investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP)
[https://www.mpsp.mp.br/] apontam que o Bando do Magrelo é responsável pelo
assassinato de pelo menos 30 integrantes do PCC. A rivalidade é motivada pela
disputa da rota do narcotráfico na região de DE, que movimenta milhões de reais todos os meses — o MPSP identificou que o bando comercializa drogas em, ao menos, oito cidades.
Anderson Ricardo, o Magrelo, chefe do Bando do Magrelo, foi preso em 2023. Polícia aguarda laudos para confirmar identidade das vítimas. Rafael Freitas dos Santos, o “Nariz Torto”, posa segurando dois fuzis. Carro foi incendiado em área rural supostamente com corpo de Murilo dentro.
Magrelo já se intitulou como “o novo Marcola”, referindo-se a Marco Willians Herbas Camacho — o principal líder da maior facção do Brasil. Teria partido dele a ordem para a execução sumária dos integrantes do PCC.
Em uma denúncia obtida pelo Metrópoles, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do MPSP, afirmou que as execuções promovidas pelo Bando do Magrelo, em via pública, com disparos de fuzil em plena luz do dia, “colocam tristes holofotes na cidade”.
Além da matança generalizada, o grupo de Anderson Menezes informava a polícia, de forma anônima, sobre reuniões e atividades envolvendo o tráfico de drogas do PCC, como forma de “eliminar a concorrência” por meio da chamada “caguetagem”.
Magrelo foi preso em 23 de maio do ano passado, usando documento falso, na cidade de Borborema, a cerca de 210 km de distância de DE — e a quase 380 km da capital paulista. Seis dias antes da prisão, ele havia fugido da polícia por um buraco no muro da mansão em que morava, em Ipeúna, durante uma operação conjunta entre o Gaeco e aa PM.
A chegada de Magrelo ao sistema carcerário acabou provocando um racha dentro de seu próprio grupo, uma vez que antigos aliados acreditaram que poderiam suceder o “novo Marcola”. Um deles seria Murilo Batista Prado, o Irmão Soneca, de 25 anos, que teria promovido uma matança na região para tentar tomar o lugar do chefão do tráfico.
O racha teria provocado a morte de pelo menos cinco integrantes do bando. A polícia suspeita que o próprio Murilo esteja morto. Seria dele um dos dois corpos encontrados carbonizados dentro de um carro em agosto na cidade de Ipeúna — município onde Magrelo morava, o que foi interpretado pela polícia como um possível “recado a traidores”. A identidade de Irmão Soneca, contudo, ainda não foi confirmada.