Análise da inovação tática do Flamengo e impacto da expulsão na partida

Análise do Flamengo: expulsão compromete mais uma noite de inovações positivas

Filipe Luís surpreendeu a todos ao optar por uma formação com quatro atacantes no Flamengo. Com Michael, Plata, Bruno Henrique e Gabigol em campo, o Rubro-Negro controlou o jogo contra o Fortaleza, mesmo atuando na casa do melhor mandante do Brasileirão. Apesar das inovações e do domínio das ações, a expulsão de Pulgar aos 21 minutos do segundo tempo acabou por comprometer a partida.

A escolha por quatro atacantes mostrou ousadia e coragem por parte de Filipe Luís, que explicou em coletiva após o jogo a sua decisão. Mesmo se expondo e correndo riscos, o Flamengo conseguiu machucar a defesa do Fortaleza, que vinha sendo uma pedra no caminho de muitos adversários com sua invencibilidade em casa. A partida foi marcada por chances perdidas e falta de efetividade do time carioca.

Mesmo demonstrando superioridade antes e depois da expulsão, o Flamengo não conseguiu traduzir o domínio em gols. Com 66% de posse de bola e diversas oportunidades de finalização, o Rubro-Negro pecou na hora de balançar as redes. Michael se destacou pela velocidade e criatividade, mas enfrentou dificuldades na hora de concluir as jogadas. O jogo foi marcado por momentos de perigo tanto para o Flamengo quanto para o Fortaleza.

A expulsão de Pulgar freou o controle rubro-negro, obrigando Filipe Luís a fazer substituições que mudaram a dinâmica da equipe em campo. Mesmo com um jogador a menos, o Flamengo continuou buscando o gol e teve chances claras de marcar. No entanto, a falta de efetividade e o cansaço dos jogadores acabaram por impedir a vitória da equipe visitante. O empate deixou o Flamengo mais distante do título brasileiro.

Filipe Luís inovou mais uma vez e demonstrou sua capacidade de transformar o Flamengo em um time dominante. Mesmo fora da briga pelo título, o treinador deixou um alento aos torcedores ao mostrar que a equipe pode evoluir e buscar objetivos mais altos. Se permanecer no clube, a expectativa é de que a rotina de ser coadjuvante no Campeonato Brasileiro seja coisa do passado, conforme a frase que se tornou marca registrada de Filipe: “Brasileiro é obrigação”.

Ao final do jogo, Filipe Luís lamentou o resultado e reiterou sua prioridade em buscar o título nacional. Com o Flamengo fora da briga pelo eneacampeonato, o treinador segue em busca de melhorias e evolução da equipe, mesmo diante dos obstáculos enfrentados durante a temporada. Com o desempenho apresentado e as inovações táticas, o futuro do Flamengo promete ser repleto de desafios e conquistas.

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Palmeiras x Botafogo: Caos, Acaso e Emoções em Jogo Decisivo

O caos, o acaso e a vida em Palmeiras x Botafogo

Jogo, liderança e talvez o título são decididos em sucessão de episódios
caóticos que explicam por que o futebol se aproxima da vida

Palmeiras 1 x 3 Botafogo | Melhores Momentos | 36ª Rodada | Brasileirão 2024

José Miguel Wisnik, no livro “Veneno Remédio”, defende que o futebol se
diferencia por ter um “tempo mais distendido, alargado e contínuo” do que os
demais esportes, permitindo “uma margem narrativa que admite o épico, o
dramático, o trágico, o lírico, o cômico, o paródico”.

Sergio Rodrigues, no romance “O Drible”, cria uma cena inesquecível em que o pai
mostra para o filho uma série de lances, um pior do que o outro, do jogo entre
Brasil e França na Copa do Mundo de 1958. É uma das maiores partidas da
história, mas o pai prefere exibir aquilo que ela teve de ordinário. Quando o
filho pergunta por quê, ele responde: “Não é o pior pedaço. É a vida. O jogo
normal. Futebol é assim: o caos”.

O tempo distendido, sem interrupções contínuas, aproxima o futebol da vida – o
mesmo que faz essa constante dança entre tédio e espanto, esse permanente
ziguezague entre a beleza e a dor. É o caos: a sucessão de pequenas decisões que
determinarão se sairemos de casa em uma manhã qualquer para descobrirmos nosso
grande amor ou para sermos atingidos por um ar-condicionado que despenca do
vigésimo andar. “Football is life”, ensina outro pensador, o adorável Dani Rojas
da série Ted Lasso.

Fiquei pensando nisso tudo ao ver Palmeiras x Botafogo, o jogaço valendo a
liderança (e talvez o título) do Campeonato Brasileiro. O Botafogo tem um ótimo
time, jogou o futebol mais bonito do país no ano e merece ser campeão, da mesma
forma que o Palmeiras, com toda sua competência, organização e resiliência. E
quando eles se encontraram, o jogo foi decidido por uma sucessão de acasos – o
caos, a vida.

O Botafogo abriu o placar em um escanteio marcado de forma equivocada pela
arbitragem. Na cobrança, Gregore ocupou um espaço na área por pensar que se
tratava de uma jogada ensaiada, mas na verdade era outra, e ele não deveria
estar lá. Mas estava, e foi nele que a bola foi parar, e foi ele que completou
para o gol.

Veio o segundo tempo, o Palmeiras tentava reagir, o Botafogo conseguia manter o
jogo sob relativo controle, e aí Marcos Rocha resolveu dar um tapa em Igor
Jesus. Foi expulso. Instantes depois, explorando justamente o vazio daquele
espaço que o lateral ocupa em campo, antes que Abel Ferreira pudesse colocar
alguém por lá, o Botafogo fez o segundo gol, com Savarino. E ainda faria o
terceiro, com Adryelson, que só estava em campo porque Bastos se lesionou.

E se não fosse aquele escanteio? E se Gregore não tivesse entendido errado a
jogada ensaiada? E se Marcos Rocha não tivesse sido expulso? E se Bastos não
tivesse se lesionado? Que espetáculo de esporte.

O caos seguirá presente na próxima rodada, a penúltima, que pode terminar com o
Botafogo campeão (não será surpresa) ou com o Palmeiras novamente líder (não
será surpresa). O clube carioca terá jogo duríssimo, fora de casa, contra o
Inter, o melhor time do returno – e que ainda tem esperança de título. O clube
paulista não terá vida muito mais fácil: encara o Cruzeiro no Mineirão.

Antes disso, o Botafogo viverá a final da Libertadores, sábado, contra o
Atlético-MG, em mais um jogo para a eternidade – e que sempre poderá ser
decidido por uma deliciosa sucessão de acasos, por esse caos que aproxima o
futebol da vida.

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